Chitãozinho & Xororó e Zezé Di Camargo & Luciano fazem show juntos no Rio

Por Marcelo Perillier

Dois shows em um dia. A Festa! E que festa: Chitãozinho & Xororó completando 50 anos de carreira, e Zezé di Camargo & Luciano, 30. Serão 80 anos de muitos sucessos e músicas que marcaram gerações de fãs do sertanejo.

Desde 1970, quando lançaram o primeiro álbum, Chitão & Xororó já emplacaram 39 discos, 37 milhões de cópias e cinco prêmios Grammy Latino. Entre 1970 e 1980, “Galopeira” e “60 Dias Apaixonado” foram as mais tocadas. Porém, faltava algum sucesso para eles emplacarem de vez no cenário nacional. E ele veio em 1982, no disco “Somos Apaixonados”. Mas não foi a música tema, composta por Chitãozinho, e sim “Fio de Cabelo”, de Marciano. Quem não se recorda do refrão: “E hoje o que eu encontrei, me deixou mais triste; um pedacinho dela que existe; aquele fio de cabelo comprido, no meu paletó; lembrei de tudo entre nós, do amor vivido; aquele fio de cabelo comprido, já esteve grudado em nosso suor”. Brega ou não, a música quebrou paradigmas e fez o sertanejo explodir no país inteiro.

Em 1986 e 1987, duas grandes músicas que muitos cantam toda a vez que a tocam em shows “Se Deus me Ouvisse” [Ah, se Deus me ouvisse e mandasse pra mim, aquela que eu amo e um dia partiu, deixando a tristeza junto de mim...] e “Fogão de Lenha” [fogão de lenha e uma rede na varanda, arrume tudo mãe querida, que seu filho vai voltar...]. Em 1989 “Nascemos só Pra Cantar” [Quem canta os males espanta, a gente é feliz, porque nascemos só pra cantar..] e a clássica “No Rancho Fundo”, de Ary Barroso [No rancho fundo, bem pra lá do fim do mundo, onde a dor e a saudade, contam coisas da cidade...]

O álbum “Cowboy do Asfalto” emplacou o maior sucesso da dupla. Não foi “Nuvem de Lágrimas” [Há uma nuvem de lágrimas sobre os meus olhos, dizendo pra mim que você foi embora, e que não demora meu pranto rolar...], que, por sinal, é uma das mais tocadas e ouvidas pela dupla. Quando José Augusto e Paulo Sérgio Valle fizeram “Evidências”, não imaginavam que ela seria o “hino popular” do Brasil. Tanto que em todos os shows, o público é quem mais a canta do que os próprios cantores.

Daí em diante teve outros grandes temas, como “Brincar de ser Feliz” [Tranquei a porta do meu peito, depois joguei a chave fora e bem de pressa eu mandei a solidão embora...]; “Vá pro Inferno, como o seu Amor” [Vá pro inferno com seu amor; só eu amei; você não me amou...]; “Alô” [Alô, estou ligando para saber como você está...]; “Sinônimos’ [O amor é feito de paixão e quando perde a razão, não sabe se vai machucar; quem ama sente medo de contar o seu segredo, sinônimo de amor é amar...].

Zezé & Luciano

Em 50 anos de carreira, o que não falta são sucessos, fãs e muitas músicas em novelas, além de discos de ouros e platinas. Por isso, este show será inesquecível. Ainda mais com outra dupla, inspirada por eles, que celebra 30 anos de estrada e já teve até filme sobre a história da dupla: Zezé di Camargo & Luciano.

A história da dupla começa com Zezé di Camargo iniciando carreira com outro irmão, entre os anos de 1970, com o nome “Camargo e Camarguinho”. Entre idas e vindas com um empresário, relatado no filme “Os Dois Filhos de Francisco”, os shows estavam rendendo. Porém, um acidente de carro acabou matando Emival (Camarguinho), fazendo com que Zezé (Mirosmar) largasse um pouco a música.

Anos depois, ele volta ao circuito, com um amigo, com o nome “Dudu e Zezé”. Os shows estavam indo bem, mas a dupla se desfez e Zezé resolveu apostar na carreira solo. Neste período, saiu de Goiânia e foi para São Paulo, já casado com Zilu, sua primeira mulher. Os discos fizeram um sucesso, mas nada que pudesse ajudar na renda da família. Contudo, Zezé ficou mais conhecido como compositor, com músicas gravadas por diversos artistas, como “Solidão” [Solidão, quando a luz se apaga; eu de novo em casa, morrendo de amor por ela...], que estourou com Leandro & Leonardo.

Em 1990, seu irmão Welson (Luciano) sai de Goiânia para São Paulo para morar com eles, pois, em um natal na família, ele cantou para Zezé e, mesmo desafinado, o cantor percebeu que o menino tinha talento.

Como mostra no filme, foi um pouco difícil o caçula da família Camargo se ajustar, mas ele conseguiu. O disco estava pronto, contudo, faltava uma música para explodir. Diante de tantas brigas e discussões com Zilu, que trabalhava um dobrado para pagar as contas da casa, veio a inspiração para o primeiro e maior sucesso da dupla.

Graças a Seu Francisco, que gastou boa parte do salário em fichas telefônicas, o álbum estourou na rádio e a música “É o Amor” [É o amor, que mexe com a minha cabeça e me deixa assim...] no país inteiro.

De 1991 em diante, foi um sucesso atrás do outro, como “Faz Mais uma vez Comigo”, “Toma Juízo”, “Cara ou Coroa”, “Saudade Bandida”, “Amor Selvagem”, “Pare”, “Últimos dos Apaixonados”, “Saudade”, “A Ferro e Fogo”, “Sufocado”, “Imprevisível”, entre outros.

A dupla, seguindo a tendência, também lançou algumas músicas do chamado sertanejo universitário, como “Eu to na pista, eu to solteiro” e “Sonho de Amor”. Entretanto, o público canta mesmo, do início ao fim, são as canções de 1990 e dos anos 2000.