Inflação pode fechar o ano em 6,4%

A elevação em 52% da bandeira vermelha de nível 2 de energia elétrica, anunciada pela Aneel nesta terça (29), deve aumentar a pressão sobre a inflação deste ano e levar o IPCA fechar 2021 em 6,4%.

O cálculo é do economista Fabio Romão, da LCA Consultores, que destaca que além dessa alta de monitorados, os preços industriais e de serviços devem contribuir para que o IPCA suba este ano.

A pressão da energia elétrica fez o IPCA acelerar em maio, e o indicador oficial de inflação avançou 0,83% no país, após variação de 0,31% em abril. Este foi o maior resultado para maio desde 1996 (1,22%), segundo o IBGE. No acumulado de 12 meses até aquele mês, a alta chegou a 8,06%.

Uma pesquisa publicada pelo grupo de conjuntura do Ipea em maio já apontava que a energia elétrica, o gás de botijão e os remédios seriam os principais vilões da inflação este ano, levando o IPCA para acima do teto da meta para este ano, de 5,25%.

"A energia vai ser um dos principais vilões deste ano. Dentre os preços administrados, o principal peso dos aumentos deve ser da gasolina (27,7%), a energia vem em seguida (11,8%). É bastante pesado, pois a energia está na formação de outros preços, pressionando indiretamente", diz Romão.

Na média, o reajuste na bandeira vermelha, cobrada para custear as usinas térmicas e compensar a crise da falta de chuvas nos reservatórios das hidrelétricas, vai ter impacto médio de 8,12% na conta de luz em junho, calcula a FGV.

Além dos impactos no bolso do consumidor, a elevação dos preços da energia, como reflexo da crise hídrica, pode reduzir o espaço no teto de gastos do ano que vem, de acordo com uma nota informativa do Ministério da Economia.

O mais recente boletim Focus, do Banco Central, divulgado na última segunda (28), também antes do reajuste divulgado pela Aneel, já apontava que os agentes de mercado esperavam um IPCA de 5,97% neste ano (a décima alta consecutiva, ainda mais distante do teto da meta).

A meta de inflação é colocada pelo Conselho Monetário Nacional e serve de referência para que o Banco Central eleve ou reduza a taxa básica de juros.