Cidade Maravilhosa para se jogar futebol

Por Pedro Sobreiro

Apesar de viver uma crise aparentemente interminável, o futebol carioca deixou uma mensagem clara para o mercado internacional: as portas estão abertas. O principal caso é o Flamengo, que pagou aproximadamente 17 milhões de euros à Inter de Milão para adquirir 90% dos direitos econômicos do atacante Gabigol, com quem fechou contrato até dezembro de 2024.

O artilheiro do último Brasileiro estava na mira de clubes como West Ham e Chelsea, além de ter sido especulado no Barcelona. No fim, o camisa 9 fechou com o clube da Gávea.

E não foi a primeira vez que isso aconteceu. Além de Filipe Luís e Rafinha, que tinham propostas de times médios da Europa, e decidiram voltar para o Brasil, o rubro-negro negociou a ida do zagueiro espanhol Pablo Marí para o Arsenal e foi longe na tentativa de importar o atacante holandês Ryan Babel, que optou pelo Fullham.

O Vasco também surpreendeu em 2019 ao anunciar o volante colombiano Fredy Guarín, ex-Inter de Milão e meio-campista da seleção de seu país. O atleta tinha propostas do Inter Miami, time de David Beckham na MLS, que tinha a seu favor a valorização do dólar e um antigo desejo do jogador de atuar no vantajoso mercado americano.

Mesmo com os problemas salariais, o jogador deve aceitar a proposta de renovação contratual com o clube cruzmaltino até a próxima semana.

A sede vascaína por atletas de fora não ficou nisso. O atacante argentino German Cano, quarto maior artilheiro do mundo em 2019, desembarcou no Rio motivado por uma invasão massiva dos torcedores em suas redes sociais.

Mesmo dispondo de pouca folga financeira, o Fluminense abriu os cofres para trazer duas promessas do futebol sul-americano: o meia-atacante uruguaio Michael Araújo e o atacante peruano Fernando Pacheco. A dupla foi contratada em definitivo por recomendação da scout tricolor. Araújo aguarda a liberação do visto de trabalho para ser regularizado e Pacheco se apresentará ao novo clube quando a seleção de seu país encerrar a participação no torneio pré-olímpico, disputado na Colômbia.

Por fim, o Botafogo surpreendeu meio mundo ao contratar o astro da Seleção Japonesa e ex-Milan, Keisuke Honda.

Com propostas da China e do Japão, o jogador escolheu jogar pelo Glorioso, após ter a #HondaNoFogão, escrita em japonês, entrar nos Trending Topics mundiais do Twitter.

Aos poucos, os dirigentes dos grandes clubes cariocas compreendem o potencial de suas marcas e passam a negociar com os principais mercados da bola. Enquanto uns se apoiam na organização financeira e estrutura avançada para fazer propostas, outros apostam na força de suas torcidas e no processo de reestruturação para atraírem o interesse de grandes atletas. Além, claro, da proposta de viver em uma das cidades turísticas mais famosas do mundo.

Por mais que a autoestima do mercado futebolístico nacional esteja em baixa, o projeto de ser ídolo em um grande clube no Brasil é uma boa carta, que ainda salta aos olhos de jogadores de alto nível.