Secretário de Defesa do Reino Unido é favorito para suceder Boris, diz pesquisa

Com a saída de Boris Johnson, que viu minguar sua base de apoio, o favorito para sucedê-lo no cargo de primeiro-ministro do Reino Unido é Ben Wallace, secretário de Defesa, mostra pesquisa do instituto YouGov divulgada nesta quinta (7).

O levantamento ouviu 716 membros do Partido Conservador, ao qual pertence Boris, entre terça (5) e quarta (6), dias nos quais o processo de desgaste do governo já havia se intensificado com a debandada de dezenas parlamentares e alguns ministros importantes.

Cerca de 13% disseram que votariam em Ben Wallace, enquanto outros 12% afirmaram que a escolha seria Penny Mordaunt, parlamentar que também chefiou a pasta e hoje comanda o ministério do Comércio. Na sequência, estão Rishi Sunak, que renunciou ao cargo de ministro das Finanças, com 10%, e a chanceler Liz Truss (8%).

O ex-secretário de Saúde Jeremy Hunt, que em 2019 disputou com Boris a liderança do partido, aparece em oitavo lugar, com 5%, ao lado de Nadhim Zahawi, escolhido para substituir Sunak.

Com a renúncia do premiê, os conservadores darão início a um processo de seleção que envolve uma série de votações entre postulantes à liderança até que só restem dois possíveis nomes. Então, todos os filiados votam nos finalistas, e o mais votado se torna premiê.

A pesquisa do YouGov mostra que Ben Wallace seria o candidato preferido em todas as mais prováveis disputas –e com margens amplas. Seu concorrente mais próximo seria Rishi Sunak, o ex-chefe das Finanças. Neste cenário, 51% dizem que apoiariam Wallace, enquanto 30% ficariam com Sunak. Outros 19% não souberam responder.

Ele também supera Liz Truss e Penny Mordaunt com 48% dos apoios contra 26% e 29%, respectivamente. No caso de uma disputa contra Jeremy Hunt, 58% dos conservadores ouvidos dizem que seguiriam com Ben, enquanto 22% apoiariam o ex-secretário de Saúde.

O YouGov também perguntou aos parlamentares quais as principais características que levarão em conta para decidir seu apoio. As três prioridades mais mencionadas foram competência para o cargo de premiê (55%), capacidade para unir o desgastado Partido Conservador (54%) e capacidade para vencer as eleições de 2024 (53%).

A maioria –84%– também desaprova a possibilidade de o sucessor de Boris convocar eleições gerais antecipadas.

Wallace foi um dos que se manteve no gabinete de Boris e pouco se pronunciou sobre a debandada dos colegas. Até que em uma publicação no Twitter na manhã desta quinta, ele escreveu: "Alguns de nós temos a obrigação de manter o país seguro, não importa quem seja o primeiro-ministro; o partido tem um mecanismo para mudar os dirigentes, e é esse mecanismo que aconselho os colegas a usarem."

O favorito a suceder Boris ganhou projeção nos últimos meses por comandar a Defesa britânica em meio à Guerra da Ucrânia, uma vez que Londres tem sido uma das principais protagonistas na diplomacia em torno do conflito –Boris por duas vezes realizou visitas surpresas a Kiev, quando encontrou com o presidente Volodimir Zelenski.

Wallace, 52, foi nomeado secretário da Defesa em 2019. Ele se formou na Real Academia Militar de Sandhurst e serviu em missões na Irlanda do Norte, na Alemanha e na América Central. Começou a carreira política como membro da assembleia da Escócia, até que em 1999 chegou a Westminster.

Além dos louros que ganhou pelo apoio a Kiev na guerra contra a Rússia, ele também capitaneou a retirada de cidadãos britânicos do Afeganistão no segundo semestre do ano passado, quando o grupo fundamentalista Talibã retomou o poder após a retirada das tropas ocidentais do país da Ásia Central.