Repercussão mundo afora

Por Correio da Manhã

A denúncia aberta terça-feira (21) pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o jornalista Glenn Greenwald, criador do site Intercept Brasil, está repercutindo em todo o mundo. Já no dia seguinte (22), o “New York Times”, o mais importante jornal dos EUA, publicou um editorial criticando veementemente a decisão do MPF.

Foi um editoral duro. Segundo o jornal, a denúncia seria um “sério desserviço e uma perigosa ameaça às leis”.

Greenwald é cidadão americano e mora no Brasil há 15 anos - e daí a preocupação em protegê-lo do que já foi chamado de abuso de autoridade por parte do procurador federal Wellington Divino de Oliveira, responsável pela denúncia contra o jornalista.

Ainda de acordo com o jornal NYT, “os artigos de Greenwald fizeram o que uma imprensa livre deveria fazer: revelaram uma verdade dolorosa sobre os que estão no poder. Furar a imagem heroica de Moro foi obviamente um choque para os brasileiros e prejudicial para Bolsonaro”.

Segundo o jornal americano, exigir que os defensores da lei sejam escrupulosos em sua adesão a ela é “essencial para a democracia”:

“Atacar os portadores dessa mensagem é um desserviço sério e uma ameaça perigosa ao Estado de Direito”, concluiu o editorial.

O jornal também frisou que “a denúncia do governo brasileiro contra o jornalista americano Gleen Greenwald é um caso cada vez mais familiar de atirar no mensageiro e ignorar a mensagem”.

O influente jornal britânico “The Guardian” também entrou na discussão, afirmando em artigo que o caso configura um “chocante ataque à liberdade de imprensa”.

Em Brasília, a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) protocolou quarta-feira, na Procuradoria-Geral da República, uma representação por “abuso de autoridade” de Oliveira. O grupo também está solicitando uma investigação a respeito do procurador-geral.

Para a ABJD, Oliveira “comporta-se de forma a atingir aqueles que considera desafetos políticos do ministro Sergio Moro e do governo a que pertence, fazendo claro e distorcido uso do cargo público para atender a interesses e motivações pessoais”.

A denúncia também foi criticada por entidades como a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).