As pesquisas são confiáveis?

As pesquisas são confiáveis?

Por Rodrigo Bethlem*

Existe uma enorme desconfiança em relação a maioria das pesquisas eleitorais divulgadas no Brasil.

Nos últimos anos, principalmente Ibope (agora IPEC) e DataFolha, tiveram enormes divergências em relação ao resultado final.

Não sou daqueles que acham que existe um enorme combinado entre todos os institutos. Mas acho que, em virtude de problemas metodológicos de alguns e da rápida mudança de opinião dos eleitores, muitos erros de anos anteriores se repetirão em 2022.

Em 2020, alertei o Ibope e o DataFolha do equívoco que estavam cometendo na sua amostragem. Consideravam, para efeito de representação da população, 37 % de pessoas com grau de instrução superior na cidade do Rio. O site do TRE apontava para 12%.

Apesar do nosso alerta continuaram a cometer este erro. O resultado da eleição foi bem diferente do que apontavam tanto no primeiro turno, quanto no segundo. Erraram com conhecimento de causa.

Nas pesquisas de agora podemos ver distorções, no mínimo, curiosas.

Na última pesquisa da Quest, quando dividimos por região, no Sul, o Instituto aponta o Lula vencendo por 6 pontos o Bolsonaro.

Já vi pesquisa em Santa Catarina (estado do Sul), assim como no Paraná, que davam um resultado completamente diferente, com vantagem para Bolsonaro.

Ainda que Bolsonaro perdesse no Rio Grande do Sul, me parece estranho Lula estar liderando no Sul.

Acho que os institutos de pesquisa, na sua maioria, estão com os mesmos problemas.

O primeiro é o fato de o último censo feito no Brasil ter 12 anos e alguns dados podem estar distorcidos.

O segundo é o fato de muitos não usarem religião como uma cota. Estima-se que o estado do Rio tem hoje, aproximadamente, 40% de evangélicos. Se em uma pesquisa as entrevistas forem feitas com uma quantidade menor que este percentual, na minha avaliação dará uma distorção.

O terceiro problema é a velocidade da informação e como elas alteram a vontade do eleitor, principalmente, às vésperas da eleição.

Entre o instituto coletar os dados da pesquisa e a mesma ser divulgada, lá se vão dois, três dias, ao menos . Isto é suficiente para haver uma mudança de humor da opinião pública.

O desafio destes institutos nesta eleição será enorme. Talvez fosse importante, ainda que aumente o custo, os institutos aumentarem a amostragem.

Fazer duas mil entrevistas em todo Brasil me parece pouco para a capilaridade que as pesquisas devem ter.

Fica o meu alerta e minhas sugestões para que possamos aprimorar este importante instrumento de decisão.

*Ex-deputado e consultor político