Resiliência da Boemia

Por Gutemberg Fonseca*

Com o advento da vacinação no País, a população começa a enxergar a luz no fim do túnel, sinalizando que estamos nos aproximando do trecho final da travessia do mais tenebroso momento de uma crise sanitária mundial que aterroriza o mundo contemporâneo.

Os efeitos desta crise são devastadores e não é possível ainda mensurarmos qual será o prazo de duração desses efeitos, uma coisa é certa, todos que resistirem sairão dessa diferentes.

Em meio a essa onda devastadora causada pela pandemia, vimos governos sucumbirem e outros serem eleitos sob a promessa de que tratariam a crise com o equilíbrio entre a ciência e a empatia. Especialmente no setor da economia, há um clamor pela empatia do Poder Público, confiando que seus mandatários adotarão medidas que irão impedir que a economia evolua do CTI ao óbito.

Diante disso, o setor produtivo vem se apresentando resiliente em meio a desmandos políticos e atitudes desastradas de alguns administradores públicos, e daí surge a sabedoria popular bem propagada na mesa do bar através da máxima – “se você quer ajudar, basta não atrapalhar.”

Este é principal recado que os setores produtivos estão enviando aos políticos em geral. Aliás, por falar em mesa de bar, está aí um setor no Rio de Janeiro que vem aglutinando a inteireza do significado da palavra resiliência, buscando soluções criativas e mantendo a mesma simpatia e cortesia que caracterizam a vida boêmia do Rio de Janeiro mesmo em tempos assombrosos.

Como sabemos, o setor de bares e restaurantes da Cidade do Rio de Janeiro, é um dos principais pilares sustentadores da economia, empregando um grande número de profissionais, este setor que em dados momentos foi tratado pelo poder público como grande vilão, na verdade é o grande herói impedindo que os efeitos da crise causada pela pandemia torne-se ainda mais danoso, através da heroica manutenção de suas atividades que geram rendas para muitos, sem falar na continuidade do bom e velho papo na mesa do bar.

Assim a adoção de políticas públicas revestidas de empatia com este setor, torna-se uma medida necessária a estes heróis que salvam vidas e rendas, sendo responsabilidade do poder público não os atrapalhar em meio a esse momento tão difícil. Fica o recado de um setor que só quer brindar a vida.

*Gestor Público, ex-Secretário de Governo do Estado, ex-Secretário de Ordem pública do Rio