A importância do empreendedorismo na retomada da economia

Francisco Guarisa*

Os anos de 2020 e 2021 ficarão marcados por profundas mudanças na grande maioria da população mundial, tanto em aspectos da vida pessoal como profissional. O isolamento social, a ausência de aglomerações, as limitações de mobilidade, entre outros fatores provocados pela pandemia do Coronavírus, causaram uma severa estagnação da atividade econômica e, consequentemente, um crescimento exponencial do desemprego. Com isso, as atividades empreendedoras também foram impactadas, porém algumas pesquisas mostram resultados tanto positivos como negativos.

Seja por opção ou necessidade, durante esse período, o empreendedorismo apresentou alguns dados interessantes, de acordo com a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor, realizada em parceria com o Sebrae. Uma primeira constatação importante foi que em 2020 a taxa de empreendedorismo no país apresentou o maior número de novos autônomos dos últimos 20 anos. Além disso, 82% dos entrevistados demonstraram que a motivação para iniciar seu negócio se deu pelo fato da escassez de oportunidades de empregos. Se por um lado existe uma constatação da dificuldade na retomada dos empregos formais, por outro, é importante valorizar a atitude e a coragem de empreender diante de uma situação adversa.

Contudo, apesar desse crescimento de novos entrantes, a proporção da população adulta que está inserida como empreendedor (taxa de empreendedorismo geral) caiu 7,1% em 2020 comparando com o ano anterior, ficando assim em 31,6%, o que corresponde ao menor patamar dos últimos oito anos. Em números absolutos, o volume de empreendedores no país caiu de 53,4 milhões em 2019, para 43,9 milhões em 2020. Ou seja, tivemos uma perda de quase 10 milhões, potencialmente ocasionada pela pandemia. Um número significativo para um país que necessita de uma retomada urgente da economia.

No primeiro semestre de 2021, os números têm demonstrado sinais de recuperação, especialmente na taxa de empreendedorismo nascente de toda a população adulta. Um sinal de esperança para um país que necessita tanto de um setor que está no coração da economia. A expectativa por um crescimento efetivo, além do empreendedorismo de necessidade, daqui por diante será enorme. Um crescimento do empreendedorismo de impacto, de inovação, com foco em pautas mais sustentáveis, para que se possa potencializar todas as oportunidades atuais e futuras, capaz de criar soluções que minimizem custos e desperdícios, além de gerar trabalho e renda. Tudo isso, aliado ao fato de que estamos diante de um processo de mudanças tecnológicas e comportamentais totalmente propício para se empreender.

Dentro dessa expectativa de crescimento, os governos terão um papel preponderante nesse processo, oferecendo cada vez mais facilidades tributárias, linhas de crédito exclusivas e incentivos fiscais, já que essas iniciativas empreendedoras representam uma fatia considerável do PIB brasileiro e, indiscutivelmente, são os principais responsáveis pela geração de empregos. Como exemplo, de acordo com um estudo recente do SEBRAE, só o segmento de micro e pequenas empresas representam aproximadamente 27% do PIB do nosso país. Se falarmos somente do comércio, elas são responsáveis por mais de 50% do setor. O estudo ainda destaca que mais de 50% dos trabalhadores formais do país estão inseridos em micro e pequenas empresas, o que por si só justifica a necessidade de um olhar especial sobre o setor, pela sua real importância e representatividade na nossa economia.

Apesar de todas as incertezas ainda existentes com relação a essa retomada pós-pandemia, alguns conceitos não poderão ficar de fora de qualquer planejamento para quem desejar empreender. Dentre vários, destaco dois que serão fundamentais no sucesso de qualquer atividade empreendedora. O primeiro deles está associado ao uso da tecnologia, pois será uma importante ferramenta a serviço do negócio. Na empresa ela será uma facilitadora, por exemplo, no armazenamento e gestão de dados, além de funcionar como um catalisador no processo de fidelização de clientes e conversão de vendas. O segundo, não custa lembrar que vivemos em uma era “figital” e com ela precisamos considerar o papel preponderante das mídias digitais – portais de conteúdo online e redes sociais, entre outras – em qualquer estratégia de comunicação de vendas, para se alcançar os resultados desejados.

É fato que o mundo não será mais o mesmo, os desafios são enormes e precisaremos estar permanentemente preparados para sua volatilidade de mudanças. Porém, acredito que estamos diante de uma grande oportunidade, para que finalmente não escutemos mais aquela citação que ficou marcada no empreendedorismo por décadas de medo e incertezas: “empreender é para poucos”.

 

*Consultor e Executivo de Marketing e Gestão