Flávio Bolsonaro vai ao Conselho de Ética contra Randolfe por menção à impeachment de Aras

Por: Fábio Zanini

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) vai entrar com uma representação contra o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) por ter mencionado o impeachment do procurador-geral da República, Augusto Aras.

Em um vídeo que será divulgado em suas redes sociais, ao qual o Painel teve acesso, Flávio argumenta que ao mencionar o impeachment de Aras, Randolfe ataca não só a honra do PGR, como também a instituição Ministério Público.

"Uma verdadeira interferência política sobre o Ministério Público. Vários crimes cometidos configuram, sim, uma obstrução de justiça, razão pela qual eu vou protocolar uma representação no Conselho de Ética contra o senador Randolfe Rodrigues por ter quebrado o decoro parlamentar", diz o senador no vídeo.

Na última segunda-feira, os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Renan Calheiros (MDB-AL), respectivamente vice-presidente e relator da CPI da Covid, indicaram enxergar prevaricação por parte do PGR por não dar prosseguimento às conclusões do colegiado.

Ambos participaram da cerimônia de inauguração de um memorial às vítimas da pandemia no Senado.

"[Com os discursos] Vocês perceberam que não só está cogitado [o impeachment de Aras], mas é uma possibilidade que está no radar do observatório da pandemia, que é o herdeiro da CPI da Pandemia. Isso não é dito apenas por mim, isso é dito pelos demais colegas, os 17 membros do observatório", afirmou o Randolfe Rodrigues (Rede-AP) a jornalistas na ocasião.

Procurado, Randolfe respondeu que já existem na fila do Conselho de Ética três representações contra Flávio por corrupção. "Antes de ser analisada a representação em relação a mim por exigir que o Ministério Público cumpra seu papel e puna os responsáveis pelo morticínio em decorrência da covid no país, eu espero que o Conselho de Ética julgue as representações por corrupção contra este membro do clã Bolsonaro", rebateu.

Randolfe explicou na terça-feira que Augusto Aras enviou uma equipe para discutir os desdobramentos da CPI na PGR e pediu para seus integrantes individualizarem as provas.

De acordo com o senador, o pedido seria desnecessário, uma vez que o relatório foi encaminhado para outras instâncias e solicitação semelhante não foi feita.

"Nós entregaremos o que nos foi pedido até sexta-feira. Vamos aguardar. Acho que é razoável esperarmos a semana seguinte, até depois do Carnaval, pelo menos, para ter o desenlace. Se não tiver, aí cabe a nós e sendo o Senado o espaço de jurisdição do procurador-geral da República ver qual o desdobramento seguinte a tomar", afirmou.

Procurada pela Folha para se manifestar sobre as críticas dos senadores, a PGR afirmou que aguarda a entrega das provas pela CPI da Covid, "acertada na reunião para que a equipe que atua nos casos possa avançar na análise de cada imputação feita aos 12 indiciados com prerrogativa de foro no Supremo Tribunal Federal, conforme prevê a legislação".

A PGR também reforçou manifestação anterior, da semana passada, na qual afirma que nenhum dos casos está parado. Manifestações foram enviadas ao STF referentes a todos os indiciados com prerrogativa de foro especial.