Bolsonaro anuncia correção da tabela do IR para 2023

Antiga promessa de campanha da candidatura vitoriosa que o levou ao Planalto, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, nessa terça (2.8), que “está acertado” que a tabela do Imposto de Renda (IR) será corrigida no próximo ano.

Após culpar a pandemia da Covid-19 pelo atraso na atualização da tabela, durante entrevista à rádio Guaíba, de Porto Alegre (RS), Bolsonaro confirmou que a medida deverá ser tomada, no próximo ano, após ter conversado a respeito com o ministro da Economia, Paulo Guedes, mas evitou revelar o valor da correção, o que mantém a expectativa em torno da faixa de isenção do IR, que poderá alcançar quem ganha de três até cinco salários mínimos, conforme prometido pelo então candidato à Presidência, em 2018. Atualmente, a faixa de isenção é de R$ 1.903,98.

Covid é o ‘vilão’

Ao culpar a pandemia da Covid-19 como principal entrave à atualização da tabela do IR, Bolsonaro ressaltou que “já está conversado com o Paulo Guedes, vai ter atualização da tabela de Imposto de Renda para o próximo ano, está garantido já. Não sei o percentual ainda, mas vamos começar a recuperar isso daí, porque está virando na verdade o imposto de renda um redutor de renda, e não uma tabela”, admitiu.

De acordo com cálculos do governo, a defasagem da tabela do IR estaria acumulada em 26,6%, até junho último, se considerado estudo feito pelo Unafisco Nacional, entidade que representa os auditores fiscais da Receita Federal.

“Mordida aumenta’

Na avaliação de analistas, o adiamento da correção da tabela implica, na verdade, novo aumento de impostos, uma vez que mais brasileiros teriam de arcar com o pagamento do IR, cuja ‘mordida’ seria maior para aqueles que já o fazem, atualmente.

Ainda de acordo com a Unafisco, caso a correção da tabela – que acumularia uma inflação de 134,5% desde 1996 – já estivesse em vigor, cerca de 24 milhões de brasileiros estariam isentos da obrigação, ao contrário dos 8 milhões de isentos, atualmente.

Com o déficit fiscal em 2020, por conta da pandemia, o governo decidiu adiar para este ano a promessa eleitoral, de ampliar a isenção para a faixa de R$ 3 mil. Em consequência, persistem pendentes, tanto o reajuste nas faixas salariais de tributação, quanto nas deduções permitidas, com relação a dependentes ou em gastos com Educação.