Guedes: economia terá longo ciclo de crescimento

A economia brasileira poderá voltar a crescer forte, pois já está recuperada dos choques impostos pela pandemia e a Guerra da Ucrânia. É o que afirmou, em evento promovido por uma instituição financeira, nesta quarta-feira (3), em São Paulo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, ao acentuar que, em decorrência da ‘subida antecipada dos juros’ e das medidas de incentivo fiscal, o Brasil se colocou “à frente das demais economias desenvolvidas para enfrentar a desaceleração econômica global”.

"Tem muito país que se considera avançado e que não vai aguentar o tranco. O Brasil já sacudiu a poeira e está pronto para a briga de novo, se precisar", reforçou o ministro, para quem a queda do desemprego e as revisões ‘para cima’ do PIB (Produto Interno Bruto) são fatores que apontam para um “ciclo longo de crescimento", ao contrário das demais economias.

Segundo ele, os dividendos econômicos atuais podem ser atribuídos ao êxito do Executivo na promoção de reformas estruturantes, como a da Previdência, assim como pelo avanço dos marcos regulatórios, em diversos setores, e aos leilões de concessão pública.

Nem mesmo o “barulho infernal da política” preocupa Guedes, que vê nesse fato que “a democracia nacional ‘é vibrante e polarizada’. Quanto aos indicadores, o ministro foi bem objetivo. “A verdade é o seguinte: crescimento econômico subindo, inflação descendo, desemprego descendo, investimentos aumentando. Esses são os fatos. Então, prestem atenção nos fatos e não desanimem”, propôs.

Em contraste com o que afirma a oposição, Guedes negou que os ‘recentes dribles’ fiscais – como a criação do teto de ICMS para combustíveis, ampliação do Auxílio Brasil e na fixação do Auxílio-caminhoneiro – representem ‘abandono da responsabilidade fiscal. Segundo ele, tais programas estão inseridos nas chamadas “receitas extraordinárias não orçadas”.

Sobre a alegação de violação do teto de gastos, o ministro admitiu o fato, mas rechaçou a intenção de, como liberal, ampliar a presença governamental na economia. “Sabemos que o teto não é para que o governo cresça, mas aí chega uma doença, temos de transferir dinheiro para as pessoas, dando um auxílio para os mais frágeis, enquanto a doença está aí ou enquanto a guerra da Ucrânia está aí, de forma que eles possam sobreviver", explicou, acrescentando que “está tudo dentro do princípio de responsabilidade fiscal" e que o Brasil está 'condenado' a crescer".

Ao mesmo tempo, o ministro condicionou a continuidade do pagamento do auxílio brasil de R$ 600 no ano que vem, e o reajuste da tabela do Imposto de Renda (IR) à aprovação da reforma tributária, atualmente paralisada no Congresso Nacional. Nesse contexto, Guedes adiantou que o governo pretende taxar dividendos para ganhos superiores a R$ 500 mil por mês, que passariam a contar com uma alíquota de 15%.

Pelo lado da indústria, o ministro da Economia revelou, uma vez reduzido em 35% o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), a intenção do governo é de zerar integralmente o tributo até o final deste ano. Na sua avaliação, o IPI é responsável pela desindustrialização do país.

A respeito da previdência, Guedes comentou que a ideia central é “transformar a previdência, por meio da criação da carteira verde-amarela. “Não conseguimos fazer regime de capitalização na reforma da previdência. Mas qualquer brasileiro vai ter, sem encargos trabalhistas, uma gestão privada de recursos. Essa indústria de acumulação e recursos vai precisar de educação financeira”, adiantou.

Ao comentar o custo global de R$ 41,25 bilhões do pacote de auxílios – a exemplo do Auxílio Brasil, agora majorado de R$ 400 para R$ 600, a duplicação, para R$ 200, do vale-gás, sem contar benefícios para caminhoneiros e taxistas – montado pelo Executivo em regime de estado de emergência, o ministro lembrou que estes só têm validade até o final de 2022.