Auditoria encontra leitos de UTIs escondidos pela Prefeitura do Rio

Auditoria encontra leitos de UTIs escondidos pela Prefeitura do Rio

Enquanto fila explode, gestão de Paes esconde leitos de UTIs da regulamentação. Foram encontrados inconformidades no Souza Aguiar, Evandro Freire e Ronaldo Gazolla. Pacientes internados não constam de nenhuma lista.

por Cláudio Magnavita *

A realização de um pente fino nos hospitais públicos no estado, realizado pela Secretaria Estadual de Saúde, tentando ver se os leitos estavam efetivamente ocupados com pacientes da COVID-19, apontou graves inconformidades, contrariando o critério da lista de espera, que nesta segunda, 22, já contava com 447 esperas. Os problemas mais graves surgiram exatamente em unidades da Prefeitura do Rio de Janeiro, nos hospitais Evandro Freire, Souza Aguiar e Ronaldo Gazolla.

Um relatório já está de posse do Ministério Público do Estado do Rio e contraria a transparência necessária pelo crescimento da lista de espera e de pacientes que estão indo a óbito antes de serem atendidos. Esta auditoria foi coordenada pessoalmente pelo secretário de Saúde Carlos Alberto Chaves, continua está semana  e contará  agora  com o apoio de 25 unidades médicas do Corpo de Bombeiro, que realizarão uma auditoria semanal para checar se todos os leitos estão sendo disponibilizados para a população.

Para o monitoramento da ocupação dos leitos, a Secretaria de Saúde usa de três fontes de informação: Sistema Estadual de Regulação (SER), Painel Coronavírus da SES e Censo de leitos SMS Rio.

Inconformidades encontradas na Rede Municipal do Rio

Hospital Municipal Evandro Freire:

Foi identificado no dia 17.03.2021 que a unidade apresentava 29 leitos de UTI e 29 de enfermaria. Contudo, ocupados com pacientes que apresentam diversas patologias que não suspeita ou confirmação de COVID 19, como mostra a planilha anexada. 17 pacientes ocuparam tais leitos sem que tenham sido regulados no SER, 23 apresentam solicitação de transferência para outras unidades, porém sem que houvesse suspeita ou confirmação de COVID. Já 12 pacientes foram absorvidos na própria unidade. Importante ressaltar que a unidade pede transferência de 8 pacientes que encontram-se no CER Ilha. A comprovação de que a unidade está desalinhada com a quantidade de leitos informada e que ainda passa por “estruturação” está no print a seguir:

Hospital Municipal Souza Aguiar:

Apresenta um alto número de leitos reservados, em um total de 19. Na plataforma SMS Rio, não é possível identificar a justificativa para tal prática. Entretanto, no SER, é possível perceber que esses pacientes não foram localizados, como mostra o print a seguir. Há, inclusive, um paciente com alta de covid no Gazolla entre os reservados.

Hospital Municipal Ronaldo Gazolla:

Foram verificados 55 leitos de clinica médica vagos. E, checando a plataforma, ao final do dia 18/03, haviam sido cedidos 34 leitos de enfermaria, de modo que não foram cedidos todos os leitos constatados como vagos. Os leitos reservados não estão de acordo com o censo hospitalar, de modo que estes leitos podem estar vagos ou ocupados por outros pacientes diferentes do que está na plataforma SMS RIO. Foram identificados 29 leitos reservados na plataforma SMS (7 UTI, 22 Enf) para pacientes que já tiveram alta e até óbito em datas anteriores às reservas.

O outro lado

O secretário Municipal de Saúde da Prefeitura do Rio, Daniel Soranz, procurado pelo Correio da Manhã afirmou : “Não são inconformidades algumas. São leitos que estavam sendo convertidos. Infelizmente, o SER é um sistema cheio de falhas e não reflete em tempo real a situação”.

*Claudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã