Brasil chega a mais de 600 casos de varíola dos macacos

Por: Samuel Fernandes

O Brasil chegou a 607 casos confirmados de varíola dos macacos, segundo atualização do Ministério da Saúde nesta sexta-feira (22). O saldo é mais do que o dobro verificado no último dia 9, quando havia 218 diagnósticos confirmados em todo o país.

Os casos da doença concentram-se principalmente em São Paulo. No total, conforme dados do ministério, o estado registrou 438 diagnósticos positivos da doença até esta sexta, representando cerca de 72% do total.

No entanto, a Secretária da Saúde estadual disse que já são 466 casos da doença confirmados no estado. A maior parte deles é na capital paulista -no total, foram 385 somente na cidade.

"Todos os pacientes estão com boa evolução do quadro e são acompanhados pelas vigilâncias epidemiológicas dos seus respectivos municípios, com o apoio do estado", completa a nota da secretaria.

O primeiro caso da doença no Brasil foi confirmado em 9 de junho em São Paulo. Desde então, a varíola dos macacos já foi registrada em outras 13 unidades da Federação. O Ministério da Saúde disse, em nota à Folha, que "segue em articulação direta com os estados para monitoramento dos casos e rastreamento dos contatos dos pacientes".

A doença é causada pelo monkeypox, um vírus do gênero orthopoxvirus. Outro patógeno que também é desse gênero é o que acarreta a varíola comum, doença erradicada em 1980.

Os sintomas iniciais da varíola dos macacos são principalmente dores no corpo, febre, mal-estar e cansaço. Então, a doença evolui para um quadro em que aparecem lesões no corpo em formato de bolhas.

A principal forma de transmissão do vírus é por meio do contato direto com essas feridas. Também é possível se infectar por gotículas respiratórias, mas, nestes casos, é preciso um contato longo e próximo com o doente. O CDC (Centro de Controle de Doenças dos EUA), por exemplo, afirma que passar por uma pessoa com a doença em um supermercado não deve causar a transmissão.

O cenário de preocupação com a varíola dos macacos se iniciou em maio, quando ocorreu a disseminação do patógeno em regiões não endêmicas, como na Europa e nos Estados Unidos.

Diante da situação, o Ministério da Saúde montou, em 23 de maio, uma sala de situação para direcionar ações de saúde pública e divulgar informações sobre a monkeypox. No entanto, no dia 11 deste mês, a sala foi descontinuada pela pasta.

A partir de então, as ações de vigilância para a monkeypox foram alocadas em diferentes áreas que compõem a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS). Além disso, no documento com o plano de encerramento da sala de situação, é informado que a Coordenação-Geral do Programa de Imunizações (CGPNI) será responsável por coordenar a vacinação em caso de ocorrer aquisição dos imunizantes por parte do Ministério da Saúde.

Marcelo Queiroga, ministro da saúde, havia afirmado em 1º de junho que o país avaliava a compra dos imunizantes. Segundo nota oficial da pasta nesta sexta (22), as tratativas para aquisição continuam sendo feitas com a OMS (Organização Mundial da Saúde).

"Vale ressaltar que a vacinação em massa não é preconizada pela OMS em países não endêmicos da doença, como o Brasil. A recomendação da vacinação, até o momento, é somente para contatos com casos suspeitos e profissionais de saúde com alto risco ocupacional ao vírus", completa o ministério.

O Governo de São Paulo também estuda um plano de imunização para a varíola dos macacos. Desde 30 de junho, um comitê do Instituto Butantã considera a compra dos imunizantes ou realizar a transferência de tecnologia para a produção da vacina no país. Ambas as medidas continuam sendo avaliadas pelo governo estadual.