Todo exame de PCR para detectar coronavírus é igual?

Todo exame de PCR para detectar coronavírus é igual?

A resposta é não! E por isso, alguns indivíduos e empresas estão procurando testes menos sensíveis para driblar restrições relacionadas a viagens e trabalho.

O perigo? Já se sabe que pessoas assintomáticas podem transmitir o vírus, assim como aqueles que estão no início da infecção e ainda não desenvolveram os sintomas.

O único laboratório do Rio de Janeiro com um teste de PCR super sensível, que detecta 99% dos casos de covid-19, estando a pessoa com uma baixa carga viral ou não, vem tendo que lidar com essa situação.

“A pessoa faz um teste aqui para viajar ou retornar ao trabalho, por exemplo. Quando o resultado sai positivo, ela procura outro teste menos sensível e depois questiona que o nosso foi um “falso positivo” explica Bárbara Pereira, especialista em Imuno Hematologia pela UFRJ e responsável técnica do Lach, Laboratório e Clínica, que faz uma ressalva: “Mas o que temos aqui é justamente o contrário! Um exame mais sensível, mais preciso e mais seguro para toda a comunidade. Infelizmente, as pessoas são egoístas. Mas nosso compromisso é com a saúde das pessoas, portanto, investimos num material mais caro, até mesmo diminuindo nossa margem de lucro. E não pretendemos mudar isso aqui!”.

O exame de PCR para coronavírus no Lach realmente é diferenciado. Enquanto em outros laboratórios, são detectadas entre 1 a 2 frações do vírus, no Lach são 4 frações. Além disso, o laboratório do Jardim Botânico libera a quantidade de ciclos e carga viral presente para ajudar no tratamento correto e eficaz, uma vez que essa informação pode determinar o momento da doença - fase inicial, fase inflamatória ou recuperação. A maioria dos exames de PCR oferecidos hoje apresentam apenas um resultado de sim ou não.

“O resultado sim-não não é bom o suficiente. Saber a carga viral e ciclos é importante não só para o tratamento, mas também para medidas de isolamento. Pois existem pacientes saudáveis e sem sintomas que transmitem e há também os positivos que não transmitem mais. A quantidade de carga viral e de ciclos nos dá essa luz, pois diz a quantidade de vírus presente naquele indivíduo. Quanto maior a carga viral, maior a probabilidade do paciente estar contagioso”, comenta Bárbara.

De acordo com diversos estudos, em pessoas infectadas pelo coronavírus, a carga viral pode atingir o pico antes de começarem a apresentar sintomas, e há ainda os casos daqueles que sequer apresentam sintomas.

“As pessoas infectadas com o vírus são mais infecciosas um ou dois dias antes do aparecimento dos sintomas, até cerca de cinco dias depois. Mas nas taxas de teste atuais, você não vai fazer isso com frequência suficiente para ter qualquer chance de realmente capturar alguém naquela janela”, conclui Bárbara.

As diferenças entre os exames mais e menos sensíveis

Funcionários do Wadsworth Center, laboratório do estado de Nova York, têm acesso aos valores de CT dos testes que processaram e analisaram seus números a pedido do The Times. Em julho, o laboratório identificou 872 testes positivos, com base em um limite de 40 ciclos.

Com um corte de 35, cerca de 43% desses testes não seriam mais qualificados como positivos. Cerca de 63% não seriam mais considerados positivos se os ciclos fossem limitados a 30.

Em Massachusetts, de 85% a 90% das pessoas com teste positivo em julho com um limite de ciclo de 40 seriam consideradas negativas se o limite fosse de 30 ciclos.

O FDA observou que as pessoas podem ter uma carga viral baixa quando são infectadas pela primeira vez. Um teste com menos sensibilidade não detectaria essas infecções.

Mas esse problema é facilmente resolvido, disse Mina: Teste-os novamente, seis horas depois ou 15 horas depois ou qualquer outra coisa”, disse ele. Um teste rápido encontraria esses pacientes rapidamente, mesmo que fosse menos sensível, porque suas cargas virais aumentariam rapidamente.

Os testes de PCR ainda têm uma função, disseram ele e outros especialistas. Por exemplo, sua sensibilidade é uma vantagem na identificação de pessoas recém-infectadas para se inscrever em testes clínicos de drogas.

As pessoas infectadas com o vírus são mais infecciosas um ou dois dias antes do aparecimento dos sintomas, até cerca de cinco dias depois. Mas nas taxas de teste atuais, você não vai fazer isso com frequência suficiente para ter qualquer chance de realmente capturar alguém naquela janela.