Coluna Magnavita: Faxina é pouco. O estado precisa ser dedetizado

Por Claudio Magnavita*

É inacreditável o apego de determinadas pessoas aos cargos. Em alguns casos, beira a falta de vergonha e de amor próprio.

As últimas revelações e os vídeos garimpados pelo excelente repórter da TV Globo Pedro Figueiredo demonstra as entranhas de um poder e uma máfia pilotada pelos senhores Wilson Witzel e o pastor Everaldo Pereira. As revelações feitas pelo, também pastor, Édson Torres, e as imagens dos encontros semanais para acerto de propina, são de revirar o estômago. Uma pena que a legislação brasileira não tenha uma pena para fuzilamento.

Uma imagem vale mais do que mil palavras e estas cenas, que incluem os comparsas chegando para as reuniões em um centro de propinas, esclarecem bem a gangue que começamos a denunciar no Correio da Manhã em outubro passado.

Não há mais dúvidas: não tínhamos um governo. Tínhamos uma quadrilha.

A revelação de que Witzel recebia pacotes de dinheiro, entregues por Everaldo quando ainda juiz federal, e fez acordos financeiros para pular fora da magistratura, derruba o fiapo de idoneidade que se esperava existir no falastrão. Ficou claro que ele maculou a toga de magistrado.

Os resquícios desta turma ligada a Lucas Tristão, a parte mais visível deste iceberg podre, ainda está encastelada no governo.

Como é possível admitir que Alexandre Rodrigues, presidente da AgeRio, reúna a sua diretoria e chefia e diga: “Fui mesmo indicado por Lucas Tristão , mas estou fazendo um bom trabalho e não vou pedir para sair”. Bom trabalho para quem? Para a rede de escritórios e conexões familiares que denunciamos?

Temos também o caso de Leo Rodrigues, o picareta secretário de Ciência e Tecnologia, que tentou emplacar um aplicativo de R$ 10 milhões e o paraíso de contratos de Mario Peixoto.

Este já está sendo exonerado no Diário Oficial do dia 16.

E Pedro Fernandes? Será que a covid paralisou a mão e não permite assinar uma carta de exoneração? Vai continuar a contaminar um governo que está nascendo?

Dá arrepios só em falar de Guilherme Mercês. Posando agora de bom moço, ele enfrentou a Alerj, ficando ao lado de Lucas Tristão na audiência sobre a fábrica de dossiês.

Cadê a carta de demissão de Felipe Bornier e de Marcelo Lopes? Falta vergonha na cara dos dois para assinar um pedido de saída?

Se o Witzel tivesse um mínimo de vergonha na sua careca desvergonhada, deveria pedir renúncia. Jogar logo a toalha e se retirar. A ideia de bom moço foi implodida pela mesma pessoa que financiou seu passeio eleitoral: Édson Torres.

A índole do governador em exercício, Cláudio Castro, é o de bom moço, de pároco de movimento cristão. Ele tem que aprender a ser duro e forte. Nesta reconstrução, não existe a figura de "meio filho da puta". Ele está tratando com bandidos. Deve agir. Promover um choque de ordem em todos os níveis. A começar, explicando o envolvimento do seu nome em maus feitos. Se a sua citação foi indevida que processe, denuncie e saia das cordas.

O seu ato mais urgente é sair desta legenda, o PSC, que foi subtraída de forma ilícita por Everaldo Pereira, que, fraudulentamente, roubou o comando partidário. Este foi o seu primeiro passo para um projeto de poder que o colocou atrás das grades. Continuar no PSC é contaminar o seu currículo.

Só com atitudes duras, sem pestanejar, é que poderemos sair deste atoleiro de corrupção que o governo aprofundou. Não precisamos apenas de uma faxina. O que o que Estado precisa é de dedetização. Ele está tomado por baratas corruptas.

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã