Coluna Magnavita: Torres despe a ligação de Mandetta e Edmar Santos com Iabas

Por Cláudio Magnavita*

O ponto mais sério e explosivo da oitiva de Édson Torres foi a afirmação de que o Iabas operava no gabinete do então ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. Já se sabia das relações com os planos de saúde, porém nada de concreto o ligava com as organizações sociais.

Foi no gabinete de Mandetta que nasceu o namoro de Edmar Santos com o Iabas. Roberto Bertholdo, que comanda o instituto, sabia que seria defenestrado pelo grupo que dominou a saúde do Rio e acabaria substituído por outra organização. Na sala do ministro da Saúde, em Brasília, eles viraram amigos de infância .

Sem meias palavras , Torres afirmou que, a partir desse encontro-chave, seu pupilo Edmar passou a operar com o instituto e, contrariando a sua orientação, não dividiu o contrato dos hospitais de campanha da pandemia, entregando quase R$ 1 bilhão de contratos ao Iabas.

Após esta conexão entre Mandetta e Iabas, a PGR deve colocar uma lupa nos negócios do Instituto em São Paulo. A PGR puxou aí um dos fios mais explosivos, o que deixa Witzel como a Sininho da Terra do Nunca. O que Bertholdo fazia na sala do Mandetta? Por que salvar o Instituto, que era um patinho feio e, depois do aval ministerial, virou a estrela-mor da pandemia. Com a lei da informação, é fácil sincronizar as idas de Bertholdo aos gabinetes da saúde com as entradas do Edmar. Uma missão que o general ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, já deveria ter cumprido.

Se a conexão do Iabas teve como palco o gabinete de Mandetta, que outros negócios estariam sendo feitos em nome da pandemia?

É este um ponto de vital importância e talvez explique como Edmar Santos se mantém em liberdade .

“No início de 2019, falávamos da incapacidade de gestão do Iabas no Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, que seria necessário retirá-lo. Depois de 15 dias, Edmar voltou de uma reunião em Brasília com o ministro Mandetta. Ele disse que lá, no gabinete do Mandetta, foi apresentado ao Bertholdo, e que pediu para poder fazer uma gestão para manter o Iabas”, disse textualmente Édson Torres na sua oitiva.

A equação Iabas-Mandetta-Edmar Santos tem um efeito de bomba atômica na política, com reflexos na eleição de 2022. É este o caminho maior que as investigações da PGR devem seguir.

*Claudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã