CBF faz calendário polêmico para 2020

Por Pedro Sobreiro

Assunto recorrente em 2019, as convocações de jogadores que atuam no Brasil para a Seleção viraram um debate gigantesco na imprensa esportiva e nas mesas de bares. Os principais nomes envolvidos nessa polêmica são Everton Cebolinha – destaque do Grêmio e presença certa nas listas de Tite, e Talles Magno – principal jogador do Vasco da Gama e um dos artilheiros da Seleção Brasileira Sub-17. 

Mais recentemente, o Flamengo também entrou no jogo, com a convocação de Rodrigo Caio e Gabigol para amistosos com a camisa Canarinho, e Reinier, que, assim como Talles, é jogador importante para o Sub-17.

O problema não é ceder os jogadores, até porque convocações costumam valorizar os ativos dos clubes, mas perder nomes importantes para jogos decisivos por conta de um calendário desorganizado pela CBF, que costumava ignorar as chamadas ‘Datas FIFA’ e terminava com times brasileiros sendo desfalcados pela Seleção.

Na última quinta-feira, dia 3 de outubro, a CBF lançou o calendário do futebol brasileiro para 2020. A grande novidade é um suposto respeito às datas FIFA, mas parece ser uma decisão para inglês ver, já que o Campeonato Brasileiro não vai parar para a disputa da Copa América, podendo resultar na perda de jogadores por até dez rodadas, e apesar de não ter jogos nas datas selecionadas pela entidade máxima do futebol, há rodadas do Brasileirão programadas para dois dias após os jogos da Seleção e até mesmo um dia depois. 

Segundo os fisiologistas voltados para o esporte, o intervalo ideal para que um jogador não sofra injúrias físicas e possa atuar com 100% de seu potencial é de 66 horas. No calendário da CBF, as pausas são de 24 a 48 horas.

Além do mais, as Federações de Rio de Janeiro e São Paulo já demonstram insatisfação com o calendário. Por conta das datas FIFA, os estaduais, que costumam ser disputados em 18 datas, deverão ser jogados em 16 datas.

Como as questões relacionadas a competição são decididas em conjunto com os clubes participantes, é de se esperar que a influência dos times de menor expressão, que dependem praticamente dos estaduais para obter maiores rendas no ano, incentive o protesto por uma competição com mais rodadas. É algo para ficar atento.

Em um momento no qual a Seleção Brasileira busca reconquistar o torcedor, é muito complicado fazer mudanças assim. É o tipo de coisa que desvaloriza o campeonato da própria CBF e faz com que os torcedores dos clubes tenham pavor das convocações. Faltou transparência na montagem desse calendário.

NOVA COMPETIÇÃO

Outro destaque do calendário é a realização da primeira Supercopa do Brasil. O jogo, que vai reunir o campeão da Copa do Brasil 2019 contra o Campeão Brasileiro 2019, é a primeira competição do ano e será disputada em um lugar preferencialmente neutro, a ser anunciado em 19 de janeiro, dias antes do início dos estaduais. 

O Athletico-PR, que já garantiu sua vaga na disputa por mais uma taça a nível nacional, espera agora o vencedor do Campeonato Brasileiro.

Se o principal torneio futebolístico terminasse por agora, teríamos uma final rubro-negra, pois o Flamengo é o atual líder, com 49 pontos e 15 vitórias, primeiro critério de desempate.