A solução de todos os problemas do Galeão está em nossas mãos

Por Cássio Nogueira de Castro*

Parece até ironia do destino. Toda a sociedade fluminense mobilizada para salvar o Galeão e quando aparece uma luz no fim do túnel, com a formação de um grupo de trabalho pilotado pelo Ministro Tarcísio Freitas, Governador Cláudio Castro e representantes da Firjan, Fecomércio e Associação Comercial do Rio- ACRJ temos a notícia que foi disparado em Lisboa um míssil em direção ao aeródromo que todos tentam salvar .

O fim da antiga VEM- Varig Engenharia e Manutenção representa o fim do maior contrato de locação do RioGaleão. Mensalmente o aeroporto recebe R$ 1,2 milhão pela locação da gigantesca área. Era o núcleo do conceito aeroporto indústria, que dependia de uma pista de pouso internacional para a atividade. O Brasil perde também um exportador de mão de obra. Da receita anual de R$ 150 milhões, boa parte vem do exterior.

Não abordamos ainda o fim de 500 empregos especializados e de uma tecnologia de ponta com todas as certificações internacionais.

Os problemas do tráfego de passageiros do Galeão é um, o da ex-VEM é outro, mas se entrelaçam por terem o mesmo espaço geográfico e pelo efeito econômico na Ilha do Governador, onde vivem grande parte dos funcionários do complexo aeroportuário e industrial. Perde também a prefeitura já que a VEM é um forte contribuinte de ISS.

Deveríamos aproveitar esta mobilização de grandes lideranças e incluir na agenda a busca de uma solução para este parque de manutenção. É só ampliar o foco.

Todos os dois problemas possuem uma origem comum, o fato do Rio não ter a sua companhia aérea. A Varig era gaúcha, mas a sua sede e investimentos era aqui. Além da própria VEM existia o Centro de Treinamento na própria Ilha do Governador.

Em passado recente cometemos, na era do pós Varig, alguns pecados . O Governo de Sérgio Cabral boicotou de todas as formas a instalação da Azul no Santos Dumont. Antes de optar por Campinas (Viracopos), o desejo era ser uma empresa do Rio. Estavam a serviços da Gol e TAM que queriam sabotar a empresa que surgia. No caso da WebJet, que tinha sua sede no próprio Galeão, faltou apoio efetivo. A empresa foi vendida para a Gol que meses depois a fechou e demitiu ou absorveu parte da mão de obra. A sede do Rio foi fechada.

Recentemente a ITA, a Itapemirim, ensaiou ter a sua sede e hub principal no Galeão e o projeto estava andando, inclusive com redução de ICMS do combustível quando ela foi vítima de uma possível sabotagem e colocada no chão por uma empresa de handling que cuidava do despacho e das pistas. A decisão foi abrupta e arranhou uma empresa que já tinha 15% do mercado. O que ocorreu ali merece ser investigado. Tudo indica que a ITA vai voltar a voar. Por que ela não renasce como a empresa do Galeão?

A Varig colecionou inúmeros boicotes e “sabotagens” dos concorrentes. Ela sucumbiu deixando uma lacuna que nunca mais foi ocupada. Mamaram no seu espólio a própria TAP, TAM (hoje Latam) e a Gol que acabou comprando a VRG e que hoje é o seu CNPJ. Se a Varig tivesse sido salva, o Galeão continuaria tendo tráfego e a VEM ainda teria 5 mil funcionários e não os quinhentos demitidos de hoje.

É hora de ampliar esta mobilização institucional. Salvar a Vem, o Galeão e lutar para que o aeroporto tenha a sede de uma empresa carioca. Está na hora de pararmos de escorraçar aqueles que apostam no Rio.

*Advogado e Adesguiano