Witzel se diz perseguido por Bolsonaro

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), alvo da Operação Placebo, afirmou que não cometeu irregularidades e apontou interferência do presidente Jair Bolsonaro na investigação. “Quero manifestar minha absoluta indignação com o ato de violência que o estado democrático de direito sofreu. Eu tenho todo respeito ao ministro Benedito, mas a narrativa que foi levada ao ministro Benedito é fantasiosa. Não vão conseguir colocar em mim o rótulo da corrupção”, disse em referência ao ministro Benedito Gonçalves, do STJ, que autorizou a busca, durante pronunciamento à imprensa por volta das 13h.

O governador acusou o presidente, com quem rompeu politicamente de perseguir os adversários políticos. “Ao contrário do que se vê na família do presidente Bolsonaro, a família engaveta inquéritos, vaza informações. O senador Flávio Bolsonaro, com todas as provas que temos contra ele, já devia estar preso. Este sim. A polícia federal deveria fazer o seu trabalho com a mesma serenidade que passou a fazer no Rio de Janeiro porque o presidente acredita que estou perseguindo a família, e ele acredita que a única alternativa é me perseguir politicamente”, afirmou.

O governador apontou como evidência da interferência o fato de a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) ter mencionado nesta segunda-feira (25) ações iminentes da PF contra governadores.

“Estranha-me e indigna-me sobremaneira o fato absolutamente claro de que deputados bolsonaristas tenham anunciado em redes sociais nos últimos dias uma operação da Polícia Federal direcionada a mim, o que demonstra limpidamente que houve vaza- mento, com a construção de uma narrativa que jamais se confirmará. A interferência anunciada pelo presidente da república está devidamente oficializada”, disse o governador, por meio de nora divulgada pela manhã.

Witzel afirmou que Bolsonaro tem aspirações ditatoriais e disse que é preciso combater seu projeto fascista. “Continuarei trabalhando para uma democracia melhor, continuarei lutando contra esse fascismo que está se instalando no país, contra essa nova ditadura de perseguição até o último dia dos meus dias. Não permitirei que, infelizmente esse presidente que eu ajudei a eleger, se torne mais um ditador na América Latina”, disse o governador, descartando a possibilidade de renúncia.

Após a saída dos agentes federais da residência oficial, Witzel informou que a Polícia Federal não encontrou nenhuma irregularidade. “Não há absolutamente nenhuma participação ou autoria minha em nenhum tipo de irregularidade nas questões que envolvem as denúncias apresentadas pelo Ministério Público Federal. Estou à disposição da Justiça, meus sigilos abertos e estou tranquilo sobre o desdobramento dos fatos. Sigo em alinhamento com a Justiça para que se apure rapidamente os fatos. Não abandonarei meus princípios”, disse o governador, em nota.

Leia na íntegra a nota do governador Wilson Witzel: “Não há absolutamente nenhuma participação ou autoria minha em nenhum tipo de irregularidade nas questões que envolvem as denúncias apresentadas pelo Ministério Público Federal. Estranha-me e indigna-me sobremaneira o fato absolutamente claro de que deputados bolsonaristas tenham anunciado em redes sociais nos últimos dias uma operação da Polícia Federal direcionada a mim, o que demonstra limpidamente que houve vazamento, com a construção de uma narrativa que jamais se confirmará. A interferência anunciada pelo presidente da república está devidamente oficializada. Estou à disposição da Justiça, meus sigilos abertos e estou tranquilo sobre o desdobramento dos fatos. Sigo em alinhamento com a Justiça para que se apure rapidamente os fatos. Não abandonarei meus princípios e muito menos o Estado do Rio de Janeiro.