As verdadeiras razões da saída de Ferry

Para esvaziar ações saneadoras de Ferry, a família Pereira tentou dividir a Saúde em duas pastas. Plano foi elaborado pelo Coronel Bousquet na sala de Felipe

Por Cláudio Magnavita*

A saída do médico Fernando Ferry da Secretária da Saúde merece uma atenção especial da Procuradoria Geral da República – PGR e da Policia Federal.

A presença do Pastor Everaldo Pereira, presidente Nacional do PSC e empregador da advogada Helena Witzel, tentou manter a sua influência na saúde e contrapor todas as tentativas de saneamento que Ferry e sua e equipe.

A alguns metros do Gabinete do próprio Governador, Felipe Pereira despachou durante duas semanas com o Coronel Bombeiro, Alex Bousquet elaborando um plano que dividia novamente a saúde em duas.

Uma, assumida por Bousquet que cuidaria das compras e da gestão da saúde na região metropolitana. Ferry ficaria com o interior e a relação com as prefeituras, ou seja, com o trabalho de implantar os hospitais de campanha que estão ainda travados.

A presença do Everaldo em Governos anteriores sempre se manifestou através de Felipe Pereira, seu primogênito e ex-secretário de estado dosgovernos anteriores e hoje assessor direto do Governador.
Na realidade o presidente do PSC não precisa de intermediários para cuidar dos seus interesses, já que tem um representante privilegiado no núcleo do poder.

A influencia de Everaldo na saúde que foram quase inexistentes dos despachos do Fernando Ferry com o Governador sem a presença do Felipe Pereira. Quando ele já não estava no gabinete quando o Secretário chegava, o próprio Governador requisitava a presença do Felipe. Além do desconforto, ficava claro para o Secretário a influência do grupo do Everaldo com a indicação do Major PM, Edmar Santos, do Secretário de Educação e dos ex-secretários executivos Gabriell Neves e Iran Pires Aguiar.

Aliás, Iran Aguiar, em plena crise dos escândalos e das operações policiais tentou comprar de uma só vez, em regime emergencial, um lote de mil respiradores, sem submeter ao Ferry o pedido de compra. Ele não só barrou a compra como demitiu Aguiar.

Quem achava que o secretário seria uma rainha da Inglaterra e mordido pela mosca azul se assustou com as medidas saneadoras trazidas pelo Fernando Ferry e a sua disposição de moralizar a gestão, aperfeiçoando os contratos, de exigir planilhas e justificativas técnicas paras transferências a municípios e principalmente de explodir os mal feitos do passado.

A decisão de não poupar os gestores anteriores levou a confecção de dividir a saúde em duas, plano que não foi aceito e resultou no pedido de exoneração.

*Cláudio Magnavita é diretor de Redação do Correio da Manhã