Coluna Magnavita: Permanência de Robadey gera polêmica

Por Cláudio Magnavita*

A coluna publicou na terça-feira, 15 de setembro, uma referência sobre a permanência do Coronel do Corpo de Bombeiros, Roberto Robadey Costa Junior, no comando da instituição.

Foi o suficiente para abrir a caixa de Pandora da corporação.

O primeiro fato a ser apontado foi a influência de um misterioso personagem que gravitou no Governo Witzel. O ex-juiz federal Ricarlos Almagro, que deixou a magistratura em outubro do ano passado para entrar no projeto do Governador. Hoje é abrigado no PSC, onde exerce uma função remunerada.

Com escritório de advocacia estabelecido no Rio, Ricarlos teria como área para atuação os negócios ligados ao Corpo de Bombeiro. Ele foi homenageado pelo Coronel Robadey em almoço com a presença do governador Wilson Witsel.

Sobrevivente

O caso de Robadey é raro no serviço público. Ele fez parte do Governo de Luiz Pezão e foi o único convidado a permanecer na mesma função.

Em 2017, O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Grupo de Atuação Especializada no Combate à Sonegação, já investigava Ilícitos contra a Ordem Tributária (GAESF/MPRJ), quando ajuizou ação civil pública por ato de improbidade administrativa, com pedido de tutela de urgência antecipada, contra o ex-governador Luiz Fernando Pezão, o Estado do Rio de Janeiro e o secretário de Estado de Defesa Civil e Comandante-Geral do Corpo de Bombeiros Militar do Estado, coronel Roberto Robadey Costa Junior, em razão de reiterados contingenciamentos e inexecução dos recursos orçamentários vinculados ao Fundo Especial do Corpo de Bombeiros (Funesbom), no período de 2014 a 2019, apesar de sua destinação ser legalmente vinculada.

Apontou o MPRJ que tais contingenciamentos provocaram graves impactos aos serviços de saúde da corporação, apesar de o Funesbom, no período citado, sempre contar com recursos mais do que suficientes para manter, aparelhar e até mesmo ampliar o serviço de atendimento e assistência.

Relatório

O esquema deflagrado veio a tona após a exoneração do coronel Rafael Paiva Vieira, do cargo de assessor do controle interno, pelo comandante geral, coronel Roberto Robadey. Segundo ainda oficiais da corporação do Corpo de Bombeiros, Rafael Paiva Vieira, a exoneração foi motivada após a divulgação de um relatório de auditoria apontando irregularidades em contratações emergenciais pela secretaria. Retaliação ou não, ainda incidir sobre o coronel Paiva Vieira, abertura de processo disciplinar, pelo fato de recusa de retirada do sistema eletrônico, informações constantes no relatório apontando sobrepreço de compras em vários itens.


O padrinho

Almagro participou em 2008, junto com o seu duplo colega Wilson Witzel, da banca do trabalho de conclusão do curso e graduação em direito no Espírito Santo, feito por Lucas Tristão. Como Witzel, Ricarlos era professor e juiz federal da 2ª Região. Esteve presente em algumas reuniões do grupo de transição e frequenta o gabinete do amigo governador.
No final de 2019, incentivado também pelo ex-aluno e pelo ex-colega, resolveu abandonar a magistratura, surpreendendo os colegas da Segunda Região, onde era estimado e muito conceituado como magistrado. O seu ato de exoneração foi publicado, a pedido, no último dia 15 de outubro.
Ricarlos Almagro dedica-se agora à advocacia, no Rio, estado comandado pelo seu amigo Witzel. Ele é ex-oficial do Corpo de Bombeiros e, no governo, tem também laços de grande amizade com o coronel Roberto Robadey, seu ex-colega de corporação, do qual foi padrinho.

Samu

Um dos pontos críticos envolvendo o Corpo de Bombeiros e a secretária de Saúde envolve o contrato milionário do SAMU, o serviço de atendimento de emergência envolvo em uma das confusões que estão sendo apuradas pela Comissão de Saúde e Covid-19 da Alerj.

Witzel

São fortes os laços que unem Robadey a Witzel. Logo após a operação Placebo, a primeira-dama afastada ,Helena Witzel, teve um colapso provocado por depressão e foi levada, de helicóptero para o Hospital Geral dos Bombeiros. O comandante Robadey cuidou do atendimento vip e ficou ao lado do Governador durante o internamento. A permanência no hospital serviu para mudar o cenário, já que a primeira-dama quase teve a sua prisão decretada após os documentos e contratos encontrados.

*Cláudio Magnavita é diretor de Redação do Correio da Manhã