Coluna Magnavita: Esqueceram o peso do Brasil no Brics

A notícia do embarque das vacinas produzidas na Índia fez a oposição e os veículos que torcem pelo naufrágio do presidente Jair Bolsonaro roerem as unhas. Esqueceram que a Índia é parceira do Brasil no Brics e foi um dos pa- íses visitados por Bolsonaro que o recebeu mais calorosamente.

A mentalidade do “quanto pior melhor” coloca em cheque um paradoxo político: o que é mais importante? Salvar vidas ou atolar o Bolsonaro e a perspectiva de reeleição de 2022?

Voltando ao Brics, órgão no qual o Brasil tem protagonismo e um dos poucos que recebeu uma atenção especial da Presidência da República, nele estão mais dois países aos quais o Brasil pode pedir socorro na questão das vacinas. Além da Índia, lá estão Rússia e China.

Com os chineses é preciso separar a posição de um embaixador trapalhão, que resolveu duelar com o governo brasileiro, exagerando nas suas atribuições como representante da China. Uma coisa é a embaixada, que entrou no ritmo folclórico dessas dispu- tas e outra é a linha direta com o chanceler chinês, que recebeu – sem intermediários – o representante brasileiro em Pequim no mesmo dia em que foi solicitada a audiência.

O único canal de comunicação que nos ajuda a decifrar o gigante asiático é o noticiário da Band. A parceria com a TV oficial chinesa permite matérias precisas que demonstram que o diálogo funciona além das ideologias e é próspero no mundo dos negócios. Devemos lembrar também que o presidente do Banco do Brics é o ex-diplomata Marco Truijo, outro canal de diálogo privilegiado com os inte- grantes do bloco.

Ao retomar as rédeas do suprimento das vacinas oriundas do Brics, Bolsonaro coloca a imprensa de oposição em uma posição constrangedora.

Precisam deixar Bolsonaro ser Bolsonaro. A tutela e blindagem militar no ministro Eduardo Pazuello só fez mal ao próprio ministro. Quem resolveu a crise da vacina foi o presidente. O ministro retornou ao que sabe melhor fazer: logística.

Quem tem voz no Brics é Bolsonaro. Índia e Rússia são seus aliados. O Brasil e a China, por interesse mútuo, estarão sempre juntos na geopolítica dos negócios, especialmente o agro.