O direito de Doria de disputar e ser julgado pelas urnas


O direito de Doria de disputar e ser julgado pelas urnas

Por Claudio Magnavita*

É lamentável o papelão do presidente Bruno Araújo, do PSDB, na questão da candidatura do ex-Governador João Doria. A executiva quer tratar o pré-candidato a pão e água reduzindo o acesso ao fundo partidário. A sensação é que Doria está tratando com um bando de moleques ou oportunistas, capazes de aplicar um golpe partidário em homem público que ressuscitou uma legenda desgastada, conquistou a prefeitura de São Paulo, depois ganhou o governo do Estado sem se precisar curvar ao jogo menor que vinha apequenando uma legenda histórica. A própria ida de Geraldo Alckmin para o colo de Lula, o autor da alcunha picolé de xuxu, demonstra o alto grau de oportunismo de uma política de toma lá dá cá que vinha apequenando São Paulo.

Doria colocou São Paulo com status de país e resgatou a força política em mãos dadas com a pujança econômica. Trocou uma série de secretários vereadores por secretários ministros, o upgrade de gestão alcançou reconhecimento internacional de São Paulo, explodiu economicamente, apesar de enfrentar uma pandemia.

Se o ex-governador tem seus erros, que não são poucos, tem também virtudes que serviram ao PSDB e ao próprio Rodrigo Garcia, um vice que virou governador e que carrega no seu histórico uma intimidade com Gilberto Kassab que sempre deu o que falar.

Existe um fato soberano: a Convenção. Doria venceu e o destemido Eduardo Leite perdeu. Foi uma convenção de ficção? Não houve votos. Não houve prorrogação para que a convenção fosse auditada e limpa. O partido não gastou milhões nesta prévia? Para que serviu?

O mais lamentável é ver a legenda se promiscuindo com o partido do Geddel Vieira. O histórico da MDB de Eduardo Cunha, aliás candidato por São Paulo, Michel Temer que se apronta como vestal da moralidade, apesar da alcova com Joesley Batista que o gravou, segue na direção de uma jogatina que coloca uma senadora do Mato Grosso à frente de um ex-governador de São Paulo. É só dar um Google no nome do pai da moça para saber o DNA de problemas que a acompanha.

Este grupo de espertalhões não conhecem João Doria. Ele falou com seriedade em deixar de concorrer e permanecer governador. Foi um Deus nos acuda que gerou um sorriso amarelo de Bruno Dantas, é o queridinho de Kassab para dormir na ala residencial do Bandeirantes. Quantos mais obstáculos enfrenta, mais Doria reage e avança.

Se ele for derrotado na urnas estará submetido a um julgamento democrático e eleitoral. O que não pode é São Paulo se render a uma política menor e que reduz o maior estado brasileiro a um cenário político típico de Pindamonhangaba.

 

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã