Condenação que ignora a defesa

Condenação que ignora a defesa

Por Cláudio Magnavita*

A entrevista do ex-governador Luiz Fernando Pezão ao jornalista Ricardo Bruno, no programa “Jogo do Poder”, foi assustadora. As revelações do ex-chefe do Executivo estadual na sua primeira grande entrevista apavoram pela fragilidade da condenação antecipada, sem provas e sem fatos concretos apurados.

Em uma hora de desabafo, o ex-governador pôde, pela primeira vez, mostrar o seu ponto de vista e as fragilidades do processo de linchamento ao qual foi submetido.

Morando há três décadas na mesma casa, que pertence à sua esposa Maria Lucia,  Pezão foi acusado de ter uma vida nababesca e com ostentação, na sentença que o condenou a quase um século de prisão.

De certa forma modesto, nunca demonstrou sinais externos de riqueza. Sua vida foi sempre em Piraí.  Conservou os hábitos simples até como vice e depois governador.Viveu da sua conta salário, mas foi uma conta do antigo BCN, desativada, a que foi usada pelo MP para alegar que toda a sua movimentação era em dinheiro vivo.

A viagem à Itália, na data do assalto ao seu apartamento no Leblon e de um possível pagamento de R$ 150 mil em propina também foi ignorada pelo juiz Marcelo Bretas. Foi condenado por ter convivido próximo a um esquema de propinas reconhecido pelo próprio Sérgio Cabral.

Pezão está empenhado em provar a sua inocência. Assusta como a Justiça tem agido, criminalizando a política. O princípio de inocência, até que se prove o contrário, deve ser restaurado no Brasil. Já se começa a colocar freios nos abusos do judiciário brasileiro.

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã