A soberania dos fatos é a essência do MP

A soberania dos fatos é a essência do MP

Por Cláudio Magnavita*

O Ministério Público do Estado do Rio tem vivido uma fase de absoluta transparência e parcimônia. A gestão do procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos, tem sido pautada pela soberania dos fatos, doa a quem doer.

Além de um salutar rodízio nos cargos, o PGJ determinou o fim da espetacularização das investigações, especialmente as de interesse midiático. O MP não tem promovido o linchamento público dos investigados. Cabe à justiça a condenação final, e, para isso, as apurações têm que ser perfeitas. O próprio processo sucessório do Ministério Público transcorreu em clima de civilidade, fortalecendo a instituição.

A desistência das duas promotoras do caso Marielle Franco, sob alegação de “interferências”, lança uma nuvem não apenas nas investigações, como também no próprio Ministério Público. Se houve, é necessário dizer: quando, quem, como e por quê. A soberania dos fatos exige transparência absoluta. As investigações desse caso já haviam apontado alguns rumos diferentes dos primeiros cenários. Ele estava bem perto de uma conclusão. A reação do PGJ, Luciano Mattos, foi imediata e demonstrou não existir, por parte da Procuradoria-Geral, qualquer interferência.

É lamentável que um fato que causou tanta comoção e dor ainda alimente essa nebulosidade e reticência. São 1.315 dias de luto político e humanitário. Achar e punir os mandantes são as melhores homenagens à memória de Marielle e Anderson. Se houve interferência, que se deem nomes aos bois e que sejam revelados.

 

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã