Rio Convention: Ministério Público foi fundamental para salvar Fundação

Rio Convention: Ministério Público foi fundamental para salvar Fundação

O papel do MP em salvar fundações 

Na segunda-feira, 27 de setembro, foi comemorado o Dia Mundial do Turismo. Um dia depois, na terça, 28, por determinação do Ministério Público, começou a ser resolvido um inédito conflito que atingiu em cheio um dos instrumentos mais preciosos da promoção da Cidade Maravilhosa, a Fundação Rio Convention & Visit Bureau. Fundada há 37 anos, a segunda fundação nesse formato no país sempre foi gerida com harmonia e paz, assumindo várias vezes a função de promover a cidade, que deveria ser do poder público.

Funcionando na Rua Guilhermina Guinle, ocupava todo um andar e possuía uma equipe de dedicados funcionários onipresentes em feiras e eventos internacionais. Foi sempre uma referência, servindo como base para outros Conventions. Seu oxigênio financeiro é oriundo do Room Tax, uma pequena contribuição que é incluída pelos hotéis na conta dos seus hóspedes. É uma contribuição voluntaria comum nas cidades turísticas do mundo. Na pratica a hotelaria é a coletoria da Fundação. Além dessa receita, existe a contribuição mensal dos mantenedores. Como qualquer fundação, presta contas ao Ministério Público Estadual. O MP do Rio faz a curadoria de mais de 300 fundações no estado.

Sócia de um hotel em Ipanema, fundado por seu pai, Sonia Chami foi escolhida pela direção da Associação de Hotéis para comandar o Rio Convention há 4 anos. Foram dois mandatos de 2 anos cada. Ganhou notoriedade, já que dirigir o Convention garantia ampla visibilidade na mídia. Recebeu o RCVB com mais de R$ 3 milhões em caixa, oriundos do Room Tax recolhido nos contratos do Comitê Olímpico.

No segundo mandato, a gestão apresentou os primeiros soluços. Perdeu seu diretor comercial, Michel Nagy e depois Felipe Campelo (hoje, no INEA). A estrutura foi murchando, até ficar sem sede e com os funcionários trabalhando em home office. Em São Paulo, o seu coirmão, SPCVB, fundado na mesma época só cresceu.

Com o fim do mandato, Chami resolveu se candidatar a representante da hotelaria, virar curadora e assumir a Presidência do Conselho Curador. Derrotada duas vezes na eleição da categoria, resolveu impugnar os resultados que elegeram exatamente Michel Nagy, seu ex-diretor, hoje na hotelaria. Chami convocou, como presidente-executiva, uma Assembleia de Curadores para deliberar sobre um assunto no qual tinha interesse pessoal. Realizada cheia de irregularidades e com vícios, ela se proclamou vitoriosa, desprezando a vontade dos hoteleiros. A manobra foi contestada no MP, que reconheceu os erros cometidos e determinou que, para dirimir dúvidas, fosse realizada nova eleição ou validação das eleições anteriores.

Insatisfeita com a celeuma criada com a hotelaria, Sonia Chami tentou levar o seu conflito para a bicentenária Associação Comercial do Rio, recebendo indicação de seu ex-marido, Humberto Motta, para a presidência da Comissão de Turismo, de onde já havia sido afastada anos antes. Foi sua primeira derrota. O pleito não emplacou por conta de uma reviravolta na sucessão. O seu alvo era o mesmo do conflito do RCVB. No grupo Coalizão, no WhatsApp, escreveu: “Estou enojada com este trade!”, deixando perplexo o setor do turismo. O MP está restabelecendo a ordem e garantido o fim de um conflito com o setor que é vital para o fôlego financeiro da fundação.