E como será 2023?

Por Rodrigo Bethlem*

Fico me perguntando se depois da eleição este clima acirrado de esgarçamento das instituições e conflito entre poderes irá arrefecer.

Seja o Lula o vencedor ou seja Bolsonaro, me parece pouco provável que as coisas caminhem para a normalidade.

Existe uma radicalização e desarmonia entre os poderes, que não vejo solução a curto prazo.

Um dos principais pontos será o judiciário (leia-se STF) voltar a ter um papel mais discreto e se ater a guardião da Constituição .

Para frear Bolsonaro, o STF foi demandado para todo o tipo de assunto . Virou uma espécie de poder acima dos poderes.

Desequilibrou a harmonia entre os mesmos. Ao que tudo indica, gostaram do protagonismo.

Será que com uma eventual vitória do Lula abrirão mão de serem o “poder moderador"?

Eu busco sempre a defesa de teses e evito fulanizar as discussões. Mas no Brasil de hoje o mensageiro ficou mais importante que a mensagem.

Vejam se tem cabimento um ministro do supremo impor que o presidente da República vá depor pessoalmente sobre um inquérito de um possível vazamento de informações que estava em sigilo de Justiça.

Ah, mas é o Bolsonaro! Não meus amigos! É o presidente da República, goste você ou não!

O mensageiro se tornou mais importante que a mensagem no Brasil. Seria diferente com o Lula? Custo a crer.

Para qualquer democracia funcionar com o mínimo de normalidade, a harmonia entre poderes é um princípio inequívoco. A interferência e o constrangimento a membros de outros poderes não irão contribuir em nada para esta normalidade.

O STF tem grandes quadros e é neste momento que o país mais precisa da sabedoria e do bom senso deles.

*Ex-deputado e consultor político