A lupa presidencial é implacável

PSDB quer emplacar ministra no TST

Cunhada de Beto Richa e esposa de réu em escândalo de corrupção está na lista tríplice

Por Cláudio Magnavita*

Caberá ao presidente Jair Bolsonaro escolher nos próximos dias o nome do novo ministro do Tribunal Superior do Trabalho. É necessário que o chefe do Executivo se debruce sobre os nomes que formam a lista tríplice de candidatos divulgada na última segunda, 25. São três desembargadores na disputa: Morgana de Almeida Richa (TRT 9 – Paraná), Sérgio Pinto Martins (TRT 1 – São Paulo) e Paulo Regis Machado Botelho.

É possível identificar a contaminação política na simples leitura do sobrenome. Morgana é casada com Pepe Richa (José Richa Filho), réu por corrupção passiva e fraude a licitação em contratos do governo do Paraná. O marido da desembargadora é irmão do ex-governador Beto Richa e foi seu secretário de Infraestrutura e Logística. De acordo com o Ministério Público Federal, o esquema desviou R$ 8.400.000.000,00 (oito bilhões e quatrocentos milhões de reais) por aumento de tarifas de pedágio do Anel de Integração e obras rodoviárias não executadas. Informa o G1 Paraná que, segundo procuradores, a propina paga foi de R$ 35 milhões. Em fevereiro de 2020, o juiz Paulo Sérgio Ribeiro determinou o leilão de dois carros do marido da desembargadora Morgana, um Mitsubishi ASX e um Chevrolet Spin. O jornal Gazeta do Povo informa que por duas vezes Morgana atendeu oficiais de justiça, informando apenas que o marido não estava, e não tentou localizá-lo.

A proximidade de um candidato com esses fatos, contraria todos os critérios adotados pelo presidente Bolsonaro nas suas indicações ao Judiciário. A pressão política é válida, mas não pode perder o pudor. 

 

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã