Não há tempo para aprender

Por: Cláudio Magnavita*


Se o ministro Luiz Henrique Mandetta defende o isolamento social e as restrições de movimentação, o que ele estava fazendo em almoço de domingo de Páscoa em Goiânia, no Palácio Sede do Governo, confraternizando com o também médico moralista Ronaldo Caiado, e recebendo a equipe da televisão com técnicos, operadores e três câmeras para uma entrevista, sentado, para o Fantástico, com direito a álbum de família?

Ir a Goiânia demonstrou o maior tropeço político do Ministro Midiático. Errou feio. Foi confraternizar com o novo opositor declarado do presidente Bolsonaro, fez uma entrevista na qual pesou cada palavra, não estava risonho e até o sotaque caipira retornou. Cometeu o mesmo erro da Regina Duarte, usou o programa mais nobre da Globo para mandar recados e flechadas.

Perdeu o apoio dos outros ministros, irritou os generais com a quebra de hierarquia e demonstrou que a missão que lhe foi delegada, com carta branca, foi trocada por ambição política menor. Mandetta se lambuzou.

Se fosse exonerado antes, sairia como herói. Se sair agora, cai como traidor.

No governo Bolsonaro, duas coisas são consideradas fundamentais: afinidade e fidelidade. Dois elementos varridos pelo próprio Mandetta. Já o médico Osmar Terra, além de experiente, eloquente e lúcido, foi secretário de Saúde do Rio Grande do Sul e deixou o Ministério da Cidadania sem dar um pio. E ainda louvando o chefe. É o melhor nome para não errar. Neste momento, não há tempo para aprender. Nem como ensinar como se administra a coisa pública.

*Claudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã