Um perigo precedente

Ao tentar reviver o cale-se, não estão, na prática, colocando limites

Por Cláudio Magnavita*

A imprensa tem sido omissa com relação ao combate e até prisão de blogueiros e ativistas ligados à direita. É um erro. Assistimos o cerceamento do direito de opinar, de se expressar, de protestar e até de expor em público suas posições, mesmo que sejam esquizofrênicas e radicais.

O PT tentou e conseguiria, se tivesse vencido as eleições, levar avante o projeto de controle da mídia e o fim dos oligopólios.

O que assistimos avançar, camuflado em uma operação de combate às fake news, é o uso do aparato policial para combater o orgulho ferido, a honra atingida e até em nome de salvaguardar as instituições, colocando o peso do estado em uma briga de Davi e Golias.

Quem não quer ser avacalhado que se recolha em um sítio em Campos do Jordão, saia da vida pública e não queira colocar uma mordaça no direito de uma minoria de opinar ou fazer barulho. Deve-se combater a destruição patrimonial, o atentado à integridade física e não o direito de dizer insanidades.

Estão esticando também a corda ao tentar reduzir o papel das Forças Armadas e de colocar a instância suprema em um deplorável varejo ideológico.

Podemos não concordar com o conteúdo destes blogueiros e até do pornográfico Olavo de Carvalho, mas defendemos o direito deles fazerem a sua striptease digital até para serem rechaçadas pelo bom senso. Ao tentar reviver o cale-se, não estão, na prática, colocando limites. Estão vitimizando pobres coitados e abrindo um perigoso precedente, que pode retornar como um bumerangue afiado.

*Cláudio Magnavita é diretor de Redação do Correio da Manhã