A Alerj ficou no comando

Para muitos, o melhor era ter levado a disputa para o Tribunal de Justiça

Por: Claudio Magnavita*

O que foi comemorado como vitória pela defesa de Wilson Witzel, o pedido de maior tempo para a espera da juntada de documentos, tem uma leitura diferenciada para velhas raposas do Direito que trabalham com uma visão estratégica.

O que seria uma vitória é na verdade um engodo, já que a corda que ficou no pescoço do Wilson Witzel ainda é a da Alerj. Para as velhas raposas, a melhor solução era ter levado a disputa para o Tribunal de Justiça.

O ganhar tempo favorece mais a Alerj do que a defesa. A Assembleia ganha tempo para afinar os ritos e eliminar os buracos do enorme queijo suíço, no qual o processo de impeachment inédito no Estado traz.

Ao resolver esperar o STJ, o risco sobre o governador aumenta. Por se tratar de um ex-juiz e pela robusta defesa que foi apresentada, a corte está sendo cautelosa e poderá vir com uma decisão muito pesada no processo.

Se o STJ vier pesado dificilmente os argumentos da defesa terão o mesmo eco no Tribunal de Justiça do Rio que teria agora. Se o caminho fosse a corte estadual este processo poderia ficar concluso somente em 2023, quando o mandato estivesse encerrado. Qualquer mexida em uma corte superior só terá o poder de irritar o próprio Superior Tribunal de Justiça.

Para alivio do TJ, o abacaxi ainda está e vai ficar um bom tempo no colo da Alerj. Neste xadrez, a defesa é quem fez o primeiro movimento e mexeu o peão de forma errada.

*Diretor de Redação do Correio da Manhã