Indignar-se é preciso

A sociedade brasileira precisa combater a omissão do parlamento

Por: Claudio Magnavita*

O Brasil está doente, independentemente do desastre da pandemia de coronavírus. As lideranças do país, reflexo das profundas carências de nossa sociedade em todas as áreas, precisam acordar para a crescente degradação dos serviços públicos, especialmente na área de saúde. Os escândalos de fraude em compra de equipamentos, para o combate ao vírus, precisam de enfrentamento firme e constante - não podem ser tratados com a naturalidade que se observa até aqui.

No Amazonas, a Polícia Federal acaba de prender a secretária da Saúde do Estado, Simone Araújo de Oliveira Papaiz, em apuração de desvio na compra de respiradores. Houve dispensa de licitação, é verdade, de uma importadora de vinhos. O governador do estado, Wilson Lima (PSC), foi alvo de buscas e teve bens bloqueados pela mesma operação.

É espantoso que tal situação acontece, em prejuízo da saúde da população, causando vítimas e mortes. Pior é assistir que o cenário aqui descrito se reprodução em outros estados, como o Rio, e em várias cidades brasileiras.

É preciso mudar a legislação penal. Criminosos assim precisam de penas maiores, prisão perpétua pelo menos.

A omissão do parlamento brasileiro, em nome de sua dignidade, tem de ser combatida. Crime contra a saúde, seja em meio à pandemia, seja em qualquer outra situação, precisa ser classificado como hediondo. A sociedade brasileira precisa combater esta indústria da morte. Indignar-se é preciso.

*Claudio Magnavita é Diretor de Redação do Correio da Manhã