A importância de salvar a TAP

Governo português vai virar sócio majoritário da empresa, para recuperar a aérea 

Por: Claudio Magnavita*

O que está ocorrendo em Portugal merece uma atenção especial do Brasil. Trata-se da decisão do governo português de salvar a TAP.

Foi anunciado nesta quinta, 2 de julho, que o Governo ficará com 72,5% do capital da TAP, pagando 55 milhões de euros ao empresário David Neeleman (liberado para investir na Azul e quem sabe assumir a Latam Brasil), o empresário português Humberto Pedrosa com 22,5% e os trabalhadores com 5%.

O estado reassume a participação majoritária da transportadora aérea e destrava o empréstimo necessário para a companhia voltar a voar em céus de brigadeiro. A medida interessa ao Brasil já que a TAP é a nossa verdadeira empresa de bandeiras, com uma plataforma de 85 voos semanais para a Europa. Esta posição foi fruto da gestão de Fernando Pinto e Luiz da Gama Mór que triplicou o tamanho da TAP em 18 anos. O turismo internacional do Brasil e o de Portugal dependem da saúde da TAP e ela do nosso país, que responde por 30% da sua receita.

Nesta equação, Humberto Pedrosa fica como o maior acionista privado da TAP e foi ele quem zelou pelos valores nacionais da TAP no consórcio. Humberto, um amigo do Brasil, é dono do grupo Barraqueiro,que possui em Portugal concessão de metrô, barcas, ônibus e transportes turísticos. É, no Brasil, sócio de empresas de ônibus em Manaus e Fortaleza. Em 2018, foi eleito Homem do Ano da Câmara de Comércio Brasil-Portugal. Seu filho, Davi Pedrosa, é administrador da TAP e poderá assumir a presidência até a escolha de um CEO profissional. O governo de Antonio Costa agiu certo e salvou a TAP. Já aqui, em passado recente, o governo brasileiro agiu em nome de interesses escusos e deixou a Varig quebrar. Um governo tem que ter coragem e lisura para agir, como fez agora Costa.

*Claudio Magnavita é Diretor de Redação do Correio da Manhã