O MP não basta ser honesto, tem que parecer honesto

O Ministério Público não pode ser político nem ideológico, ela precisa ter equilíbrio

Por: Claudio Magnavita*

O Ministério Público representa uma instituição sagrada. É um dos mecanismos mais fortes de defesa da sociedade.

A sua condução deve esta cercada de todos os princípios éticos e de transparência. Cada vez que a sua atuação, seja no âmbito federal ou estadual, é fotografada na suspeita de um desvio de conduta, quem perde é o povo.

O poder de investigar deve ter limites, principalmente para que não haja a perda de autoridade, como ocorreu com os vazamentos das conversas da Lava Jato, ou ainda, na tentativa de se criar uma fundação para gerir os bilhões que estavam sendo repatriados. No último domingo, o jornalista Elio Gaspari escreveu um texto genial sobre o tema.

Vale lembrar que bastou algumas mudanças para que intocáveis fossem finalmente atingidos pelo braço do MP, como foi o caso do senador José Serra, do PSDB ou da sua filha Monica, agora envolvida na venda de quadros de pintores famosos.

No Rio, as investigações da saúde parecem que criaram um teto imaginário, só atingindo os pequenos malfeitores. Os bagrinhos estavam na corda bamba, enquanto os tubarões estavam soltos. Isso é ruim e foi perceptível. A força tarefa é criada para investigar e não para proteger.

O MP não pode ser nem um braço político do Executivo e nem seu inimigo. É preciso ter equilíbrio, longe de tentações ideológicas ou de compensações inconfessáveis.

A entrega de R$ 100 milhões do MP para o poço de lama das operações da Saúde no Rio chega a ser um verdadeiro escarnio. Não é filantropia e nem dever cívico. Esses dirigentes passarão. Vai haver eleição. Esta história vai entrar para os anais da instituição como algo inoportuno. Compensa o corajoso voto em aberto de duas integrantes do Colégio de Procuradores, que trouxeram para a história e para a defesa da instituição uma lufada de bom senso.

*Claudio Magnavita é Diretor de Redação do Correio da Manhã