A “nova política” que já ficou velha

Contrários à política tradicional e partidários de uma “nova política”, que continua assaltando os cofres públicos pelo Brasil, os governadores do Rio, ex-juiz Wilson Witzel (PSC), do Amazonas, Wilson Lima (PSC) e de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), tentam barrar processos de impeachment. Os três - e devem existir outros - são suspeitos de irregularidades durante a pandemia de coronavírus, desviando criminosamente verbas de saúde. Trata-se de um comportamento repulsivo, um crime hediondo. Porém, a determinação do afastamento do cargo e da eliminação dos três da carreira política por muito tempo é um processo político, passível de negociação (ou seria “compra”) de troca de cargos entre o Executivo e o Legislativo e concessão de verbas públicas para a base dos parlamentares, entre outros exemplos de eventual relacionamento espúrio.

O impeachment depende muito de manifestações de rua, de uma população sufocada pela crise econômica, agravada pela pandemia, cujo enfrentamento os três procuraram criminosamente boicotar, segundo as denúncias. Depende também da pressão da sociedade sobre os deputados de cada Estado.

Porém, a população erradamente condena a política, único instrumento civilizado de convívio social. É assustador que os ataques dos governadores à saúde pública não tenham resposta cabal - o impeachment -, quando somos obrigados a ler notícias assim: nove milhões de brasileiros deixaram de comer por falta de dinheiro durante a pandemia. Todos nós devemos nos envergonhar, e cobrar do mundo político as providências saneadoras que são necessárias.