A conta do Natal chegou

Por Claudio Magnavita*

O agravamento da pandemia nos últimos dias reflete diretamente o que ocorreu nos países católicos com os festejos de fim de ano.

É só fazer as contas. O caso de Manaus é emblemático. É o princípio de uma onda assustadora que pode varrer o Brasil e nos levar a um lockdown similar ao europeu.

Se as eleições foram um estopim perigoso, os festejos natalinos e, depois, as festas de ano novo cobram agora a sua conta.

A exposição de grupos no Natal e nas festas de Réveillon, algumas de uma irresponsabilidade insana, leva, agora, à superlotação das UTIs e faz disparar as estatísticas de óbitos.

Manaus é apenas a ponta do iceberg do que vem por aí. As cenas dantescas que assistimos lá, de pessoas morrendo sufocadas e pane de oxigênio nas unidades hospitalares, repetem o mesmo quadro de penúria do Amazonas no início da pandemia. De lá para cá nada foi feito. Superamos psicologicamente o problema desafiando o vírus e confraternizando no fim de ano.

Fizemos uma loteria de vida ou morte. A vacina ainda é uma ficção nestas bandas.

No Rio, o único hospital de campanha que funcionou, o do Riocentro foi desmontado. Agora assistimos a um secretário de saúde de uma prefeitura falida correndo para arranjar leitos.

Estamos muito perto de reeditar aqui as cenas amazonenses.

Cadê os hospitais de campanhas do Iabas? Cadê o legado de equipamentos superfaturados e de respiradores que nunca chegaram?

Esses bandidos estão soltos ou no conforto de uma prisão domiciliar. A mesma gangue partidária que agiu aqui, agiu em Manaus.

Como disse o lúcido jornalista Octávio Guedes, da Rede Globo, vivemos um fato inusitado no Rio. Foi uma quadrilha que escolheu um candidato e não um candidato que procurou bandidos para fazer negócio. Foi assim no Rio e em Manaus.

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã