O sorriso de Bolsonaro e o choro de Maia

Por Claudio Magnavita*

O naufrágio de Rodrigo Maia leva junto a oposição a Bolsonaro. Se Rodrigo vira um pigmeu político, o presidente da República sai fortalecido e mostrando uma base eleitoral que cala o movimento anti-Bolsonaro que o agora ex-presidente da Câmara tentou criar.

Ao chorar na sua despedida, Maia reflete a geleia de idiotice que durante cinco anos presidiu a casa de forma egoística e autoritária.

Sem carisma e sem conquistar os colegas, o deputado Rodrigo Maia é obra do acaso, fruto do afastamento de Eduardo Cunha e de ter o sogro Moreira Franco como homem forte do presidente Temer.

Ele confrontou e espezinhou o presidente Jair Bolsonaro usando sempre uma ironia jocosa e de menino birrento. Se não teve coragem em avançar com o impeachment, criou todos os obstáculos para avanços de uma agenda de mudanças. Esta dualidade de Maia o empastelou no próprio DEM. Não conseguiu a liderança nem da sua legenda partidária.

Durante semanas ele teve dificuldade de compreender o tamanho que se apequenava com o fim do seu mandato. Encolhia e não percebia. Ao entrar na cruzada em prol de Baleia Rossi começou a sentir o peso da realidade. Foi ficando cada vez menor e encolhendo. Restaram-lhe apenas 145 votos, basicamente da esquerda, a qual sempre cortejou e deu espaço.

Neste 1º de fevereiro o presidente Jair Bolsonaro se agigantou. Conquistou a Câmara e o Senado de uma só tacada. Sem os obstáculos que enfrentava com o indolente Rodrigo Maia, o Planalto poderá avançar nas reformas do ministro Paulo Guedes.

O primeiro ato de Lira – de acabar o bloco registrado de forma intempestiva – demonstra que a conta de Maia já está chegando. Vai lhe custar caro, até por ter levado a disputa para a questão pessoal. Ele não terá capital político para pagar a dívida que contraiu. Virou pigmeu. A Rodrigo só lhe resta chorar, e muito.

*Claudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã