A perigosa Hidra do Supremo

Por Claudio Magnavita*

Nunca a defesa das instituições esteve tanto na ordem do dia. A votação do Congresso, com 346 votos favoráveis à prisão de Daniel Silveira ofuscou a origem pantanosa de algo muito mais grave e que está na gênese deste movimento punitório.

As forças políticas e a própria sociedade perderam a capacidade de seguir o fio condutor de alguns movimentos. É como só percebessem o presente, deixando de seguir a linha para sair do labirinto que esconde um mortal minotauro. Usando os mesmos exemplos mitológicos, não perceber as múltiplas cabeças da hidra que se escondem neste mais recente embate político.

Antes que haja dúvidas, registramos que Daniel Silveira merece ser cassado pelos seus pares.

A sua prisão é baseada em um ato que atentou de forma mais grave contra o estado de direito e a liberdade de expressão: o inquérito da Fake News. Criado pelos ministros Dias Toffolli e Alexandre de Moraes é uma perigosa hidra. Uma das cabeças é a vitima, a outro, o investigador, e outra, o julgador. Tudo isso com em um só corpo.

Este perigoso três em um tem que ser investigado. Já gerou prisões e deu poder de polícia ao STF, usado agora para prender esse parlamentar minúsculo. Na Fake News, parte da corte passou a centralizar poderes que só existiram juntos quando o estado de direito esteve congelado. É tão perigoso que acaba de reescrever o conceito de prisão em flagrante e da imunidade parlamentar.

*Claudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã