Massacrado por ser Bolsonaro

Por Claudio Magnavita*

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) começou a colocar ordem na casa. Durante dois anos um senador da República foi exposto a um pelourinho de açoites midiáticos quase diários. O senador Flávio Bolsonaro foi usado para atingir um alvo maior, o seu pai, o presidente Jair Bolsonaro. Nessas ações inquisitórias que burlaram a legalidade, como demonstra hoje o STJ, não houve piedade dos “investigadores da inquisição”. Até a família do jovem senador foi atingida. Esposa, sogro, sogra, parentes e amigos foram alvo de quebra de sigilo e de investigação.

Além das arbitrariedades cometidas pelo Ministério Publico do Rio, pairou uma dúvida de uma equação que unia prepostos da justiça, do MP e um governador instalado no Guanabara e declarado candidato à Presidência. Esta equação envolve uma coincidência que já está sendo apurada no Conselho Nacional de Justiça (CNJ): a filha e genro do juiz Flávio Itabaiana estavam contratados como assessores do governador Wilson Witzel. Foi este o magistrado de primeira instância que quebrou o sigilo de um senador da República, agora derrubado pelo STJ.

A atual vitória do senador Flávio Bolsonaro não impede que as investigações sigam os ritos normais. Como estava, ficava difícil provar a inocência em um processo contaminado por irregularidades e aliado a uma condenação midiática monumental que ultrapassou os limites da racionalidade.

*Claudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã