A melancólica desconstrução de Moro

Por Cláudio Magnavita*

A cumplicidade de Sérgio Moro com a mídia é impressionante. Os veículos que o endeusavam se contorcem hoje para falar dos abusos reconhecidos pelo STF, nesta terça, 23.

O mito da mídia que tudo podia e que tudo fazia foi sendo corroído no momento em que aceitou entrar no Ministério do Bolsonaro.

Poucos registros foram feitos de seu pedido a Paulo Guedes: ajuda financeira para apoiar a família caso algo lhe acontecesse.

Moro abateu o candidato que era líder das pesquisas e depois, sem pudor, virou ministro. Voltou a ser o queridinho da mídia quando saiu atirando no Bolsonaro. Foi desleal. Até hoje Marcelo Calero paga o preço de ter, como ministro, gravado um presidente que o nomeou.

Sérgio Moro achou que iria ferir mortalmente o presidente. Não conseguiu.

Sua esposa criou uma fundação, que ele incentivou pelas redes sociais, ainda ministro, e fez parceria com outro traidor, Luiz Henrique Mandetta, ex-titular da pasta da Saúde. Ninguém investigou.

Foi trabalhar em uma empresa que presta serviços para as grandes construtoras que ajudou a destruir.

Esteve na engenharia que colocaria nas mãos dos procuradores da Lava Jato R$ 2 bilhões recuperados pelos norte-americanos. O plano era tão absurdo que naufragou.

O sonho presidencial afundou. Ele rasgou o seu currículo.

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã