O “69” que escandalizou a política do Rio

O “69” que escandalizou a política do Rio

Por Cláudio Magnavita*

O Correio da Manhã considera o deputado federal Pedro Paulo um dos melhores quadros do parlamento brasileiro. Seu desempenho como relator do PLP 101 foi de grande densidade técnica e capaz de recuperar vários entes federativos, e, principalmente, o estado do Rio, seu berço político.

Nosso grupo editorial foi historicamente solidário a um drama de caráter pessoal, que, usado politicamente ao extremo, prejudicou a sua imagem, sua vida familiar e lhe custou um mandato de prefeito.

São lições que deixam marcas profundas e balizam o comportamento na vida.

Como parlamentar e como ocupante de uma das mais importantes funções de um governo que luta pela moralidade e comportamento ético, é inacreditável assistir ao deputado Pedro Paulo ser coadjuvante de uma brincadeira chula, que tenta arrancar humor de algo sagrado que é a vacina. Estamos em pandemia mortal, não se pode brincar com a Covid-19 e nem fazer humor de forma infame, como fez a aspirante a atriz Tati Infante, nos vídeos que ela classifica de "loucos". Que ela queira ser a louquinha de plantão tudo bem. O rótulo de “artista” justifica as maiores besteiras, porém, arrastar o marido parlamentar para algo inoportuno é lamentável.

Para quem não assistiu ao vídeo, que viralizou negativamente, ela chama o marido deputado (e não um personagem) para tomar vacina. Ele indaga, com fisionomia sonsa: “Chegou a nossa vez?”. Ela responde: “Acabaram de avisar que estão vacinando quem fez 69”. Os dois, de costas um para o outro, terminam com um sorriso maroto após uma rodada de câmara.

Muita gente teve dificuldade para acreditar e de se assegurar de que não era uma montagem de adversários. Infelizmente, o vídeo existe.

Faltou decoro ao parlamentar e falta, principalmente, um pedido formal de desculpas do deputado Pedro Paulo aos fluminenses.

Não podemos permitir que um parlamentar torne jocoso qualquer assunto ligado à pandemia ou à vacina. Já Tati Infame, ou melhor, Infante, que continue a expor as suas loucuras e intimidades sexuais da forma queira. Nessa toada, só podemos rezar para que não tenhamos uma primeira-dama tão desprovida de bom senso. Antes de ser artista, é a mulher de um deputado, de um homem público que reconstrói a sua imagem. A irreverência carioca está de luto, quando o assunto é covid e vacinação. Precisamos de homens públicos que sejam impecáveis e que usem as redes sociais de forma construtiva.

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã