O outro lado: A nota da Rio Ônibus

O outro lado: A nota da Rio Ônibus 

Recebemos da Rio Ônibus uma nota enviada por sua assessoria de imprensa. Estamos publicando na íntegra, como faz parte da nossa política editorial:

NOTA DO RIO ÔNIBUS

O editorial publicado nesta sexta-feira (16/04) no Correio da Manhã desconsidera o esforço e a dedicação de empresários e milhares de rodoviários para garantir o transporte dos cariocas diariamente. Sem ônibus a cidade para, já que mais de 70% das pessoas dependem do serviço para se locomover no Rio de Janeiro, chova ou faça sol. Isso apesar do descaso com que o setor de ônibus é tratado pelo poder público.

Descumprimentos do contrato de concessão, criação de gratuidades sem fonte de custeio, concorrência desleal das vans clandestinas e a falta de investimento na infraestrutura da cidade são a regra no cotidiano do setor, que, ao contrário de outros modais, não conta com qualquer subsídio ou apoio do poder público na aquisição de equipamentos.

Junte-se a isso a atual crise econômica provocada pela pandemia. O movimento dos ônibus chegou a cair 70% em meses recentes, o que agravou ainda mais a combalida situação das empresas.

Mesmo assim – e considerando o papel fundamental dos ônibus para a mobilidade urbana na cidade – não houve qualquer ação de apoio ao setor por parte do poder público.

Importante ressaltar que, além de não contar com qualquer apoio, o setor de ônibus tem sido historicamente vítima de achaques por parte de autoridades corruptas dos diversos poderes. Ao longo dos anos, o setor foi extorquido para conseguir que seus direitos fossem respeitados e para evitar a adoção de medidas estapafúrdias, anunciadas exclusivamente para, como se diz popularmente, “criar dificuldades para vender facilidades”.

O resultado dessa combinação de fatores é a maior crise que já atingiu o setor de ônibus em sua história. Dezenas de empresas de ônibus fecharam e outras se encontram em processo de recuperação nos últimos anos no Rio de Janeiro. Como consequência, há uma clara deterioração do serviço prestado à população.

A única forma de se solucionar essa crise é com diálogo, cumprimento de contratos e com o envolvimento do poder público no enfrentamento dos problemas estruturais da área de transporte na cidade.

Não será com visões pré-concebidas – desmerecendo a história, a dedicação e o trabalho de todos aqueles, brasileiros e estrangeiros, responsáveis pela construção de um sistema que garante o transporte da imensa maioria dos cariocas, sem recursos públicos – que iremos encontrar os caminhos para recuperar o sistema e recolocá-lo no padrão que todos esperamos.”

Nota de redação: Pela primeira vez, em nota oficial, o setor de ônibus assume que foi vítima de extorsão por autoridades. O Correio da Manhã defende a punição para o corrupto e para o corruptor. O sistema não só se alimentou, como aprimorou os seus tentáculos. Um sistema de transporte público do Rio, a exemplo de São Paulo, não sobrevive sem subsídio. Ele só pode ser colocado como solução após o fim desta corrupção em estágio de quase metástase.