É preciso enfrentar a turma do medo
Entidades da cultura, evento e turismo apoiam retomada proposta por Paes
Por Cláudio Magnavita*
Nos dias pandêmicos, vender o medo é muito mais fácil do que vender esperança. É fácil apavorar, fechar tudo, já que a maioria dos agentes decisores não corre risco de perder suas fontes de renda e colapsar financeiramente. Vantagens de um bom emprego público. Essas ilhas de conforto levaram governadores e prefeitos a optar por estrangular a economia em nome da visibilidade no combate ao coronavírus. São esses mesmos dirigentes que fecham os olhos para o colapso dos serviços de transportes públicos, comprovadamente o maior meio de contaminação coletiva na pandemia. O presidente Jair Bolsonaro esteve, muitas vezes sozinho no seu alerta de salvar empregos e atividade econômica. Agora o Rio saiu na frente ao anunciar uma agenda de retomada, principalmente para o setor do turismo e eventos na capital. O prefeito Eduardo Paes deu a cara a bater de forma corajosa e já começou a apanhar. Nas últimas 72 horas não vimos ninguém do segmento sair publicamente na defesa do alcaide carioca, que entrou na linha de tiro de alguns médicos xiitas e dos adeptos da teoria do medo.
Fica politicamente difícil para um homem público sair da zona de conforto se os segmentos beneficiados com a retomada responsável não gerarem uma reação de respaldo com a mesma intensidade. Essa aparente passividade não coloca em risco apenas a semana da retomada de setembro, mas o réveillon e o carnaval. A vacina está avançando e atitudes corajosas como a de Paes precisam ser respaldadas, mostrando o embasamento científico delas.
*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã