Bandido é bandido

Bandido é bandido

Por Cláudio Magnavita*

Bandido é bandido e polícia é polícia, não se pode misturar as coisas e nem o Estado ser conivente com o modus operandi da bandidagem encarcerada. Um secretário de Estado garantir que um marginal, líder um uma poderosa facção criminosa, teria liberdade de agir, mesmo encarcerado, derruba qualquer sentimento de dúvida ou ainda, evapora qualquer sentimento mínimo de solidariedade. Um secretário de Estado que cuida do sistema carcerário de um estado como o Rio, que coloca o combate à violência como prioridade, não pode chamar bandido de senhor e nem apertar sua mão, o que fulmina o princípio da autoridade e nivela todos em um saco comum. Não existe paz quando se negocia com bandido. É nessas horas que sentimos uma enorme saudade do colega Wagner Montes e dos seus chavões.

Lamentável é que Raphael Montenegro Hirschfeld seja bem-nascido, filho e enteado de desembargadores. É advogado, apesar de ter deixado um rastro de traquinagem no escritório de Sérgio Bermudes ao maquiar um e-mail que teria sido enviado pelo presidente do TJ. Foi assessor do Witzel através de Cleiton Rodrigues e agora, secretário de Estado.

O governador Cláudio Castro foi respeitoso, esperou a liberação do delegado federal Victor Poubel e fez questão de avisar pessoalmente o demissionário, fato que não ocorreu pela prisão. A reação foi rápida e precisa. O mais grave é explicar os R$ 150 mil em espécie encontrados pela PF em sua casa, dez vezes o valor que receberia como secretário. Ele cavou seu destino, enganou a todos. O personagem que resolveu encarnar na malandragem foi quem puxou a corda do seu cadafalso. Que essa mistura de papéis sirva de exemplo. Ninguém aguenta mais corruptos no poder.

 

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã