A importância histórica de Aras

A importância histórica de Aras

Por Cláudio Magnavita*

A aprovação do procurador-geral da República, Augusto Aras, por ampla maioria de votos (55 a favor e 10 contrários) é a vitória da ponderação e do respeito à Constituição. Sua recondução era vista como fiel da balança na crise entre os poderes.

Antes da votação no plenário, ao ser sabatinado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Aras falou pela primeira vez dos ataques que vem sofrendo de parte da mídia e da oposição. Considerou aquele o fórum ideal para mostrar a sua coerência à frente da PGR.

Escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para continuar à frente do MPF, a aprovação com ampla maioria restabelece o equilíbrio de que tanto precisamos. A presença do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco na sabatina foi emblemática. Sinalizou a importância que Augusto Aras passou a ter na república dividida. Tornou-se uma das raras unanimidades.

Sua fala na Comissão está repleta de mensagens que entrarão para a história e traduzem sua importância na atualidade. Um dos trechos mostra a sua responsabilidade no exercício do cargo: “Não há maior dor do que uma condenação injusta. E o pior, uma condenação sem o devido processo legal. E o que se fez nos últimos dois anos foi um trabalho criterioso, permanente, contínuo e duradouro para que nenhum cidadão brasileiro, no âmbito da PGR sofresse investigação ou acusação seletiva ou permeada pelo descaso que pudesse causar lesões definitivas na honra de quem quer que seja”. Um grito contra a condenação midiática que assassinou várias reputações gratuitamente. Na CCJ, Aras deu enorme lição à instituição que comanda: “A falta de participação diária do procurador-geral da República nos debates provocados pela mídia, ou de apresentação de respostas para combater críticas ou acusações dos veículos de imprensa não se deram em razão de omissão, mas sim em respeito à vedação legal a magistrados e membros do Ministério Público manifestarem opinião sobre questões objeto de atuação finalística, ou mesmo porque o sigilo das investigações simplesmente impede a revelação de fatos e atos, sob pena mesmo de se frustrar o esclarecimento da verdade. É dever do membro do Ministério Público manifestar-se nos autos. É dever do membro do Ministério Público, mesmo com a liberdade de expressão no que toca ao exercício da atividade finalística, não buscar os holofotes.”

Foram seis horas de absoluta lucidez e tranquilidade. Um conterrâneo de Rui Barbosa, na casa de Rui fez a nação respirar aliviada com a sua lucidez e recondução.

 

*Cláudio Magnavita é diretor de redação do Correio da Manhã